Tenho a alegria de anunciar o lançamento do livro “Metamorfose da Vida – A Arte de Envelhecer – Volume 2”, organizado por Adeli Sell e Claire Abreu, uma coletânea onde escrevo três artigos. É uma obra abrangente e transgressiva que aborda o tema do envelhecimento de forma multidimensional. Uma das inspirações do livro foi a necessidade de dar maior atenção à velhice em uma sociedade que prioriza a juventude e o consumo. Ele surge como uma continuação do Volume 1, agregando novos autores e conhecimentos sobre o envelhecimento.
O livro se divide em quatro partes principais:
1. Promoção da Saúde: Aborda temas como sexualidade na terceira idade, Alzheimer, atividade física, cuidados paliativos, massagem geriátrica, nutrição e saúde bucal.
2.Direitos e Qualidade de Vida: Discute questões financeiras, direitos do consumidor idoso, cidades resilientes, moradias compartilhadas e direito à saúde.
3. Compreensão das Emoções: Explora temas como vazio existencial, solidão, síndrome do ninho vazio e dinâmicas familiares.
4.Relatos: Apresenta diálogos intergeracionais e histórias pessoais.
E uma parte especial sobre o Movimento Sociedade sem Idadismo
O envelhecimento é um processo inevitável, mas sua vivência pode ser profundamente transformada por meio de escolhas conscientes e de políticas públicas e urbanísticas que priorizem o bem-estar e a inclusão. Na coletânea Metamorfose da Vida – a arte de envelhecer, exploramos aspectos que permeiam a relação entre a terceira idade, a moradia e o espaço urbano, a partir de três olhares complementares. Os meus capítulos tratam dos seguintes assuntos:
Cidades Resilientes e Seguras para Idosos no Brasil
O ambiente urbano desempenha um papel crucial na qualidade de vida dos idosos. Com o envelhecimento acelerado da população brasileira, adaptar nossas cidades para torná-las resilientes e inclusivas é uma prioridade inadiável.
Medidas como a criação de espaços verdes acessíveis, a adaptação de calçadas e mobiliário urbano e a implementação de tecnologias assistivas são fundamentais. Além disso, redes de apoio social, como centros de dia e creches para idosos, oferecem suporte prático e emocional para quem enfrenta as vulnerabilidades da idade.
Planejar cidades para idosos vai além da arquitetura: envolve compromisso com a sustentabilidade, a inclusão social e a inovação tecnológica. Desde telemedicina até sistemas de alerta, a tecnologia pode ser um grande aliado para integrar os idosos à vida comunitária e garantir sua segurança.
Moradias Compartilhadas para Pessoas Idosas
A busca por soluções habitacionais que promovam tanto autonomia quanto segurança é um desafio crescente em uma sociedade que envelhece rapidamente. O conceito de cohousing sênior aparece como uma resposta inovadora, combinando a privacidade das unidades individuais com a convivência e o suporte social dos espaços compartilhados.
Os benefícios são notáveis:
- Convivência social que combate o isolamento.
- Divisão de custos, tornando a moradia mais acessível.
- Segurança reforçada, essencial em faixas etárias mais vulneráveis.
No entanto, sua implementação requer um planejamento arquitetônico e urbano inclusivo, com atenção à ergonomia, acessibilidade e sustentabilidade. Exemplos bem-sucedidos, como os projetos na Dinamarca e no Japão, mostram que a adaptação dos espaços físicos e o uso de tecnologias, como sistemas domóticos, podem prolongar a autonomia dos moradores. No Brasil, iniciativas emergentes já começam a trilhar este caminho, mas o modelo ainda carece de políticas públicas e subsídios financeiros que o tornem viável, inclusive para populações de baixa renda.
Navegando nas Águas da Maturidade
Se a moradia é o palco, a jornada da vida é o enredo que dá sentido à experiência da maturidade. Neste texto mergulhamos nas angústias e aspirações que emergem na transição para a terceira idade. As respostas de questionários e entrevistas com pessoas acima de 60 anos trazem um retrato multifacetado dessa etapa, revelando:
- O desejo por leveza e autenticidade, muitas vezes negligenciados em períodos anteriores da vida.
- A importância das viagens e da saúde como caminhos para alegria e bem-estar.
- A busca por aprendizado contínuo e o fortalecimento de laços afetivos.
Enfrentar a sensação de vazio pós-aposentadoria é um desafio particular, mas as soluções apontam para a criação de uma rotina com atividades que tragam propósito, sejam hobbies, voluntariado ou novos projetos. Celebrar a maturidade com autenticidade transforma a terceira idade em uma fase rica em sabedoria e significado.
Destaca-se uma visão integrada do envelhecimento, que não se limita às questões da saúde, mas abrange moradia, relações interpessoais e os desafios do espaço urbano.
Na arte de envelhecer, há uma mensagem essencial: planejar, adaptar e incluir são verbos que moldam não apenas as cidades e moradias, mas também a maneira como encaramos essa etapa da vida. A maturidade pode, e deve, ser vivida com dignidade, segurança e alegria. A transformação que propomos está em criar condições para que todos os idosos possam continuar a contribuir e a participar ativamente de suas comunidades, vivendo plenamente a metamorfose da vida.
“Metamorfose da Vida – A Arte de Envelhecer – Volume 2” é, pois, uma obra rica e multifacetada que oferece uma visão abrangente sobre o envelhecimento, e se destaca como uma contribuição valiosa para a compreensão e valorização da velhice na sociedade contemporânea, explorando de forma multifacetada e abrangente as múltiplas dimensões do envelhecimento hoje. Ao considerar aspectos biológicos, psicológicos, sociais, econômicos e culturais, o livro busca desconstruir a visão negativa e estereotipada frequentemente associada à fragilidade, dependência e inutilidade no envelhecer.
Em contrapartida, apresenta a velhice como um período de crescimento pessoal, liberdade, novas descobertas e prazer na vida, desafiando a ideia de que envelhecer é sinônimo de declínio. Os autores destacam que a sociedade atual, movida pelo consumismo, negligencia a importância dos idosos, favorecendo a juventude e a produtividade. Assim, o livro se posiciona como um ato de resistência, resgatando a dignidade e o valor das pessoas acima de 60 anos, mostrando que essa etapa pode ser rica e plena.