O presidente da Argentina, Javier Milei, compareceu ao Congresso Nacional no domingo (15) para apresentar o projeto de orçamento do seu governo para o próximo ano, que, garantiu, buscará estabelecer um “escudo fiscal” contra as mudanças macroeconômicas.
“Depois de anos em que a classe política viveu algemando as liberdades individuais, hoje viemos aqui para colocar uma algema ao Estado. Este projeto orçamentário que hoje apresentamos aqui tem uma metodologia que protege o equilíbrio fiscal independentemente do cenário econômico“, afirmou o presidente no início de seu discurso aos legisladores.
A presença do presidente no Congresso rompe com a tradição do país latino-americano na qual o atual ministro da Economia é quem defende o plano de gastos do próximo ano perante os legisladores. Segundo Milei, a classe política é a raiz principal do déficit argentino em função de seu “apetite insaciável por gastos”.
O presidente argentino pretende que os gastos do Estado para o próximo ano cumpram a sua promessa de “déficit zero”, o que implica limitar o uso público de recursos ao que é captado.
A proposta, que visa um superávit equivalente a 1,3% do produto interno bruto (PIB) antes dos pagamentos de juros em 2025, também faz projeções ambiciosas de uma recuperação econômica e uma forte desaceleração da inflação. Ela prevê um crescimento de 5,0% no próximo ano, após uma contração esperada de 3,8% neste ano. Ainda segundo o plano, a previsão é de que os preços devem subir apenas 18,3% no ano civil de 2025, após a inflação esperada de 122,9% neste ano.
“Esse escudo fiscal abre uma nova página em nossa história até então desconhecida. A partir de agora, a Argentina será solvente, com a consequente redução do risco país, da taxa de juros e, consequentemente, do aumento do investimento, da produtividade, dos salários reais e, em última análise, a queda da pobreza e da miséria”, disse o presidente em seu discurso.
Entre as acusações contra a abordagem econômica de Milei está a dificuldade de flexibilizar os gastos em caso de possíveis imprevistos, que poderiam repercutir, por exemplo, em aposentados ou funcionários públicos.
“A decisão é sua”, disse Milei aos legisladores em um discurso de 43 minutos. “Depois serão os cidadãos que os colocarão na avenida dos justos ou na esquina dos ratos miseráveis que apostam contra o país e o seu povo.”