Por conta da política de Milei, quase 16 milhões de argentinos ficaram abaixo da linha de pobreza, um aumento de 3,4 milhões no primeiro semestre de 2024
Os resultados da incidência da pobreza e da indigência na Argentina, no primeiro semestre de 2024, revelam que mais da metade da população (52,9%) se encontra abaixo da linha da pobreza (LP). Isso significa que, no governo de Javier Milei, que tomou posse em dezembro de 2023, o percentual de argentinos que vivem na pobreza aumentou em relação ao segundo semestre do ano passado, quando era de 41,7%.
São 15,7 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Durante os primeiros seis meses e 20 dias da gestão do ultraneoliberal Milei, 3,4 milhões de argentinos entraram para a LP. A percentagem de famílias abaixo da linha da pobreza (LP) atingiu 42,5%. Os dados são do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec, o IBGE da Argentina).
Dentro do grupo que está abaixo da linha de pobreza, 13,6% dos domicílios estão abaixo da linha de indigência (LI), que inclui 18,1% das pessoas. Isto implica que, para o universo dos 31 aglomerados urbanos pesquisados, existem 4,3 milhões de domicílios abaixo da LP; e, dentro desse grupo, 1,4 milhão de domicílios está abaixo da LI, o que representa 5,4 milhões de indigentes. No caso da indigência, houve aumento de 4,9 pontos percentuais (pp) nos domicílios e 6,2 pp no percentual de pessoas.
“A nível regional, foi observado um aumento da pobreza e da indigência em todas as regiões”, anunciou o Indec. A incidência da pobreza e da indigência resulta da capacidade das famílias em aceder à cesta básica (CBA) e à cesta básica total (CBT) através do seu rendimento monetário.
Em média, a renda familiar total aumentou 87,8%. As cestas básicas médias regionais aumentaram 115,3% (CBA) e 119,3% (CBT). Assim, a renda no primeiro semestre de 2024 aumentou em nível inferior tanto em relação ao CBT quanto ao CBA, resultando nos aumentos das taxas de pobreza e indigência em relação ao semestre anterior.
No que diz respeito às faixas etárias, “é notável que dois terços (66,1%) das pessoas dos 0 aos 14 anos fazem parte de agregados familiares abaixo da linha da pobreza”, salienta o Indec. A percentagem total de pessoas abaixo da linha de pobreza para os grupos dos 15 aos 29 anos e dos 30 aos 64 anos é de 60,7% e 48,6%, respectivamente. Na população com 65 e mais anos, 29,7% das pessoas estavam localizadas em lares abrangidos pela LP.
As maiores incidências de pobreza populacional foram observadas nas regiões Nordeste (NEA), 62,9%; e Noroeste (NOA), 57,0%. Os menores, por sua vez, foram registrados nas regiões da Patagônia, 49,1%; e Pampeana, 49,9%.
Nas aglomerações com 500 mil ou mais habitantes, observou-se um aumento da pobreza de 11 pp, enquanto nas aglomerações com menos de 500 mil habitantes o aumento foi de 12,3 pp em relação ao segundo semestre de 2023.
Na campanha eleitoral, Javier Milei prometeu fazer um forte ajuste que afetasse “as castas” que dominam ao Argentina, promessa renovada quando assumiu e realizou uma série de cortes em subsídios nos transportes, energia, água e outros itens básicos.
O resultado é oposto: o país enfrenta uma inflação de 236,7% nos últimos 12 meses (até junho de 2024). O Produto Interno Bruto (PIB, indicador da economia de um país) da Argentina contraiu 1,7% ano a ano no segundo trimestre de 2024, acumulando uma queda de 3,4% no primeiro semestre do ano em relação a igual período de 2023, informou o Indec em meados de setembro. Todos os efeitos afetaram especialmente os mais pobres.