Evento reuniu representantes da esquerda para lançamento da pré-candidatura de Lula a presidente do Brasil e pela defesa da soberania nacional
O termômetro na rua marcava 13 graus em Porto Alegre quando as primeiras pessoas chegaram, ainda antes do meio-dia, em frente aos portões da casa de shows Pepsi on Stage. Os jovens e adultos que começavam a formar a imensa fila, na fria manhã de quarta-feira (01/06) na capital gaúcha, porém, não estavam ali para assistir a nenhum grande artista da música mundial, como a casa de shows está acostumada a receber. Nesta noite, o local sediaria um espetáculo diferente, protagonizado também pelo próprio público presente: um ato em defesa da soberania nacional com o lançamento da pré-candidatura de Lula à presidente do Brasil.
Apesar do frio e do tempo nublado, a animação era visível entre os participantes que formavam fila para, mais tarde, encontrar o ex-presidente petista. Lula subiria ao palco por volta das sete da noite, junto com dezenas de representantes políticos, sindicais e dos movimentos sociais.
Feliz por poder fazer parte deste momento da história, Eduarda Milena, da secretaria LGBT, do diretório do PT de Novo Hamburgo, e presidente do coletivo feminista Elza Soares, encabeçava a fila na entrada principal junto com um grupo de militantes petistas daquela cidade. “É uma alegria poder se sentir parte pertencente desta luta na defesa de nossos direitos, da nossa soberania e pela construção de um país melhor para todos com Lula”, revelou. “A gente sabe que vai ser difícil, mas estar aqui e ver toda essa mobilização em torno da defesa de Lula como presidente do Brasil é um momento de esperançar”, sorriu Eduarda, que conversou com a reportagem do Jornal Brasil Popular e fez questão de ressaltar que a presença dela também era uma homenagem a sua mãe.
Logo na sequência da fila, três jovens estudantes, Dandara Yvy, Aline Régis e Gabriela Saraiva, conversavam e jogavam Uno parecendo bem acomodadas sobre almofadas, embora sentadas no chão com aquela friagem. Participar do momento histórico de união de diferentes partidos de esquerda em torno da candidatura de Lula também foi um dos motivos que levou o grupo de amigas a chegarem cedo. Para Dandara Yvy, é muito importante ver o movimento jovem novamente estimulado a participar da política. Já Aline, ressaltou o aprofundamento das dificuldades enfrentadas pelos jovens e a falta de uma política educacional mais inclusiva para garantir o acesso aos estudos, principalmente para a população mais carente e que teve muitas dificuldades de acompanhar o ensino remoto durante a pandemia.
Com a falta de espaço na escola para estimular o debate político, a partir do conhecimento histórico e da promoção da informação, as amigas apostam na mobilização das ruas. “Esse movimento que a gente vem trazendo para as ruas, porque hoje em dia estamos num mundo em que muito da informação que circula te leva para um lugar tão errado e que não permite o contraponto nem o debate saudável sobre os acontecimentos”, criticou Gabriela, fazendo referência às fake news que circulam nas redes sociais. “Assim que eu tiver idade suficiente, quero ser vereadora para lutar pelos que mais precisam, para o povo poder voltar a comer e ter dignidade”, completou Dandara.
Ao final da fila que ia se formando e já percorria cerca de meio quilômetro, chegava a professora Maria Helena Andrade com mais um grupo, agora vindo de Canoas, cidade vizinha de Porto Alegre. “Eu rezo todos os dias para tirar aquela criatura, que eu me nego a dizer o nome, de lá”, chegou disparando a professora, fazendo referência ao atual presidente da República. “Segundo, rezo também para tirar aquela outra criatura daqui, que também não vou dizer o nome”, continuou, lamentando o desmonte da educação pública promovido nos últimos anos, sobretudo pelo atual governo estadual do Rio Grande do Sul, e a adoção da nova grade curricular do Ensino Médio.
Para Maria Helena, os professores e a área da educação em geral são um dos segmentos mais afetados e atacados pela política de direita. Ela criticou ainda a adoção do Novo Ensino Médio. “É a pá de cal para desmontar de vez o ensino”, lamentou, reclamando da falta de sensibilidade do governo Eduardo Leite para com a área da Educação, com os professores e estudantes.
De acordo com a professora, a redução curricular nas áreas de humanas, que são aquelas que estimulam o pensamento crítico, faz parte de um plano de poder que limita as escolhas dos jovens e impossibilita a verdadeira mudança na estrutura social. “Como é que vamos formar uma pessoa, dar condições para que ela tenha discernimento do certo e do errado, subtraindo componentes que fazem parte da formação humana?”, questionou, ressaltando a importância de participar desta luta. “Participar deste ato pela soberania é justamente para nos dar força de continuar”, finalizou alegre.
Unidade pelo Brasil
Observando a fila de pessoas que crescia cada vez mais a cada minuto, além de faixas de cabeça, toalhas, bandeiras e camisetas estampadas com o nome ou fotos de Lula, as pessoas traziam identificação com diferentes movimentos ligados a áreas como Educação, Saúde, Moradia, Reforma Agrária entre outras representações de trabalhadores, sindicatos e partidos de esquerda. Dezenas de comerciantes, fomentavam a mobilização de luta, vendendo produtos identificados com as ideias presentes nos corações e mentes do povo presente ali.
As dificuldades enfrentadas nos últimos anos também são compartilhadas, justamente, entre esses trabalhadores ambulantes. Segundo Priscila Amaral, estudante de direito e dona de uma pequena lanchonete na região, e que também atua junto com a mãe como ambulante em eventos, os trabalhadores que vendem seus produtos na rua têm sofrido com o aumento da repressão e a falta de preparo da guarda municipal em Porto Alegre na abordagem aos comerciantes. Nesse sentido, Priscila defendeu a volta do governo do presidente Lula, que, para ela, tinha muito mais sensibilidade para com os trabalhadores em geral.
Além da circulação de comerciantes oferecendo camisetas, bandeiras e souvenirs, e bancas e carrinhos de alimentos e bebidas instalados ao longo da avenida, outras dezenas de barracas identificadas com faixas de parlamentares, entidades de trabalhadores e movimentos sociais também se instalaram desde cedo em frente ao local do evento.
Bem em frente ao portão principal de entrada, marcava presença a tenda do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que, segundo Marliane Ferreira dos Santos, da direção estadual do partido e assessora parlamentar da deputada Luciana Genro, foi uma das primeiras a chegar para garantir aquele espaço de visibilidade. “O PSOL fez questão de estar aqui presente, bem localizado, para ser visto, porque a gente tem certeza de que a única figura possível para enfrentar o Bolsonaro construída hoje na esquerda é o Lula”, explicou Marliane.
Para o governo do Estado no Rio Grande do Sul, o PSOL defende a pré-candidatura de Pedro Ruas e faz campanha, sobretudo, por “Bolsonaro Nunca Mais”. “Nos fazemos presentes aqui também neste momento em que a esquerda está se reunindo novamente para superar a situação cada vez mais difícil do Brasil”, contou a representante do PSOL.
De acordo com Marliane, o RS sempre foi uma grande “trincheira de esquerda”, que perdeu fôlego nos últimos períodos, mas que agora está voltando a reconquistar o seu lugar na disputa política. “A gente está junto na luta para fazer essa retomada. Queremos mostrar que não é todo mundo igual, mas que podemos construir juntos, nos fazendo presentes nos espaços políticos e na defesa da estrutura de Estado. Então a gente quer demonstrar para as pessoas presentes aqui que a gente vai estar junto nessa jornada, ao lado de Lula”, finalizou.
Representação de todo o estado
Além de grupos de Porto Alegre e da região metropolitana, caravanas chegaram de todo o estado para participar do ato. “Estamos aqui para apoiar o presidente Lula, que só ele pode nos salvar”, bradou Karina Rocha, representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) de Rio Grande.
De acordo com Karina, o grupo com mais de 50 pessoas saiu de Rio Grande às 7h da manhã para se fazer presente no ato e manifestar seu apoio à Lula. “Queremos Lula para reconstruir as políticas públicas que foram desmontadas pelo governo que agora está aí e que está exterminando o povo pobre, que não atende aos que mais precisam. A gente vê a esperança no Lula que une o Brasil, o povo e que olha para os que têm menos”, disse Karina.
Já eram quase quatro da tarde quando abriram os portões para a entrada do público. Antes das seis, o saguão do Pepsi on Stage já estava quase lotado, enquanto mais pessoas ainda continuavam chegando para participar do evento.
Lá dentro, centenas de bandeiras tremulavam empunhadas pela multidão presente e cantos de Lula Lá, Lula Lá se faziam ouvir de repente a todo momento.
Entre as entidades e movimentos representados pelas bandeiras estavam a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o Levante da Juventude, a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), a Central Única de Trabalhadores (CUT), a União da Juventude Socialista (UJS), além de bandeiras em defesa do SUS, do Partido Verde (PV) e do PSOL, entre outras flâmulas.
Enquanto ainda tinha espaço suficiente, um grupo de pessoas estendeu uma faixa e se posicionou em torno para tirar fotos. A faixa anunciava o apoio do Projeto Matutar de Osório à causa presente. Ao conversar com a professora doutora em história Isabel dos Santos sobre a presença do movimento vindo de Osório, cidade do Litoral Norte gaúcho, ela explicou que a proposta é provocar as pessoas a pensarem sobre a cidade e o mundo em que vivem, a refletirem sobre suas ações e tudo o que envolve as suas vidas.
Para Isabel, estamos num momento crucial tanto para o povo brasileiro como para todo o planeta, especialmente porque Lula sempre representou uma grande liderança mundial em diferentes sentidos. “Esta eleição é um divisor de águas. Ou envereda para a barbárie de vez ou a gente garante a nossa democracia e uma vida melhor para todos. É isso que está em jogo, o nosso futuro”, alertou.
Nos telões espalhados pelo saguão, revezava-se a transmissão de entrevistas ao vivo de diferentes apoiadores presentes no local, músicas e o novo clipe de Lula Lá, gravado por artistas como Chico César, Flor Gil, Maria Rita, Lenine, Martinho da Vila, Zélia Duncan, Duda Beat, Paulo Miklos, Pabllo Vittar, entre outros.
Quando Lula chegou, o salão estava repleto, o palco estava formado e foi dado início à transmissão ao vivo do ato pelo canal do YouTube da Rede TVT. A cerimônia iniciou com o Hino Nacional executado pelo trio de mulheres formado pela cantora Glau Barros, a violinista Clarissa Ferreira e a violonista Ana Matielo.
O termômetro na rua mantinha a indicação de 13 graus, quando esta repórter deixou o local do evento e viu que muita gente ainda fazia fila na porta de entrada pedindo para entrar, acusando lotação máxima do espaço, o qual tinha previsão para acomodar seis mil pessoas. Então, apesar da noite que se fazia no Sul do Brasil, a sensação de frio parecia que já não tinha mais a mesma importância para aquelas pessoas unificadas em torno de um objetivo em comum.
Assista ao ato no canal do YouTube da Rede TVT aqui: https://www.youtube.com/watch?v=_VwNLuCicoc
Fotos: Luciene Leszczynski, Ricardo Stuckert e Kátia Marko
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