Finalmente a Polícia Federal concluiu e encaminhou ao Supremo a investigação criminal iniciada a partir da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, uma semana depois da posse de Lula, com a repetição em Brasília, na invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo, da invasão do Capitólio de Washington pelo pessoal do Trump no 6 de janeiro de 2021.
Nos últimos dias, a prisão do General Mario Fernandes e outros oficiais permitiu a revelação de outros fatos, tão graves ou até mais graves (se isso fosse possível) que os de 8 de janeiro, ocorridos em datas anteriores: a 15 de dezembro, três semanas antes, a tentativa abortada de captura e assassinato do ministro Alexandre de Morais; e, antes disso, a reunião na casa do general Walter Braga, na qul se planejou, além do de Morais, o assassinato de Lula e do Vice Alkmin.
Foi tal o impacto dessas revelações que imediatamente se passou a considerá-las um golpe devastador do qual a extrema-direita não se recuperaria antes da eleição presidencial de 2026 e em razão do qual arrastaria consigo a desgraça da direita civilizada e até da centro-direita.
Será? O pós-eleição nos Estados Unidos já está revelando fatos que devem deixar o Brasil de olho no que pode acontecer aqui de agora até 2026.
Uma pesquisa da Universidade de Tecnologia de Queensland, em Brisbane, considerada a melhor universidade da Austrália, pesquisa conduzida pelos professores Timothy Graham e Mark Andrejevic, acaba de verificar que, entre 1º de janeiro e 25 de outubro, às vésperas da eleição, Elon Musk modificou o algoritmo da rede social X (antigo Twitter) para beneficiar as suas próprias postagens e de usuários ligados ao Partido Republicano.
A pesquisa verificou também que ao longo desse período a modificação do algoritmo resultou em aumento da visualização e republicação dessas mensagens. A visualização cresceu nada menos de 138% e a republicação chegou a inacreditáveis 238%.
Tais números dizem respeito ao lado ostensivo das potencialidades do X, que já são assustadoras, não do que ele se tornou capaz de fazer depois de comprado por Musk (que, é claro, só o comprou, por mais de 40 bilhões de dólares, para instrumentalizá-lo na eleição deste ano e no futuro político dos Estados Unidos e de quantos países mais em que Musk tnha negócios e interesses).
Mas, ocultos no labirinto tecnológico da internet e agora da Inteligência Artificial, o X tem poderes que nem os melhores profissionais da Tecnologia da Informação conhecem por inteiro. Musk conhece esses poderes e deve ser por conhecê-los e manobrá-los tão bem que reagiu com tanta naturalidade quando Janja, a mulher de Lula, mandou-lhe seu fuck up.
– É – disse Musk – eles vão perder a próxima eleição.
O X já tem como ter certeza?
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor, é colunista do Jornal Brasil Popular com a coluna semanal “De olho no mundo”. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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