A Petrobras está mais perto do que nunca de dar um salto colossal no setor de petróleo. O destino? Uma das últimas fronteiras inexploradas do Brasil: a Margem Equatorial. ‘Se Deus quiser!’, diz presidente da estatal sobre aval do Ibama para a exploração ainda em 2024
No coração dessa região, a gigante brasileira do petróleo pode ter descoberto 5,6 bilhões de barris de óleo, o que pode mudar o jogo completamente para o futuro da produção de energia no país. Mas por que essa descoberta ainda não saiu do papel? E qual o verdadeiro impacto disso para o Brasil e o mundo?
“Se Deus quiser!”. Foi com essa confiança que a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou, nesta quarta-feira (04), que aguarda uma decisão final do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A aprovação da licença para exploração da Bacia da Foz do Amazonas, uma das cinco bacias sedimentares que formam a Margem Equatorial, pode finalmente acontecer até dezembro.
O futuro da Petrobras e da Margem Equatorial
O bloqueio ambiental não é novidade. A Petrobras tenta obter essa licença desde o ano passado, mas enfrentou resistência. A razão? Preocupações ambientais.
O Ibama vem apontando riscos ao meio ambiente, além de obrigações específicas, como um novo licenciamento para o Aeroporto Municipal de Oiapoque, no Amapá, que também passou a ser uma exigência no processo. No entanto, conforme relatado pela Advocacia Geral da União (AGU), esse obstáculo foi considerado improcedente.
Apesar dos desafios, há indícios de que a estatal está próxima de uma virada. Além do apoio de alas governamentais e do Congresso, a Petrobras revisou o Plano de Proteção à Fauna (PPAF) e planos de emergência, dois pontos que o Ibama havia considerado críticos para a aprovação em maio de 2023.
O que é a Margem Equatorial?
A Margem Equatorial é uma das maiores esperanças da Petrobras para garantir o futuro energético do Brasil. Esta região abrange toda a faixa litorânea ao norte do país, começando na Guiana e se estendendo até o Rio Grande do Norte.
Dividida em cinco bacias sedimentares, a Margem Equatorial é vista como uma nova fronteira para a extração de petróleo. As principais bacias que compõem essa região são:
- Foz do Amazonas: nos estados do Amapá e Pará;
- Pará-Maranhão: nos estados do Pará e Maranhão;
- Barreirinhas: localizada no Maranhão;
- Ceará: abrangendo o Piauí e Ceará;
- Potiguar: no estado do Rio Grande do Norte.
É na Foz do Amazonas que a Petrobras deposita suas maiores expectativas. O bloco onde se deseja perfurar está localizado a 500 km da foz do rio Amazonas e a mais de 170 km da costa do Amapá, longe de áreas sensíveis e ricas em biodiversidade, o que poderia reduzir o impacto ambiental.
O que está em jogo?
A estimativa da Petrobras é promissora: o bloco de exploração na Margem Equatorial poderia adicionar 5,6 bilhões de barris de petróleo às reservas brasileiras, que atualmente somam 14,8 bilhões de barris. Esse salto representaria um crescimento de 37% nas reservas do país.
Para ter uma ideia do potencial, a Guiana, que faz fronteira com a Margem Equatorial, já descobriu o equivalente a 75% das reservas brasileiras no seu território.
Esse petróleo pode ser o que a Petrobras precisa para manter o nível de produção a partir da década de 2030, quando as reservas do pré-sal, uma das principais fontes de extração no Brasil, começarão a reduzir.
O mundo ainda dependerá do petróleo até 2050, conforme projeções de estudos globais, e a Margem Equatorial pode garantir a segurança energética do Brasil até lá.
Os desafios para a liberação
Para que esse sonho se torne realidade, a Petrobras precisa superar um último obstáculo: a licença ambiental.
O Ibama exige que a estatal realize um teste pré-operacional para verificar sua capacidade de resposta a vazamentos de óleo.
A aprovação desse teste permitirá que a empresa perfure um poço exploratório, fundamental para avaliar o real potencial das reservas de petróleo na região.
Com o licenciamento em mãos, a Petrobras estaria pronta para iniciar imediatamente a exploração. Conforme relatado por Chambriard, a empresa já fez os preparativos necessários e espera apenas o aval do Ibama para iniciar os trabalhos.
A importância estratégica da Margem Equatorial
A Margem Equatorial é vista como uma das principais apostas da Petrobras para sustentar sua produção no futuro.
Com a transição para uma economia verde em pauta globalmente, a exploração de novos campos de petróleo precisa ser feita de maneira responsável.
Entretanto, até 2050, o mundo seguirá dependendo de fontes tradicionais de energia, como o petróleo, e a Margem Equatorial oferece ao Brasil uma vantagem competitiva.
A decisão sobre a licença deve sair até o fim de 2024. Se aprovada, a Petrobras dará início ao que pode ser uma das maiores operações de exploração petrolífera do país, com potencial para colocar o Brasil no topo do ranking global de reservas.
Você acredita que a exploração da Margem Equatorial deve avançar, mesmo com os desafios ambientais, para garantir a segurança energética do Brasil até 2050?