A começar pelo da Faculdade de Direito da Universidade de S. Paulo, os atos pró-democracia na data simbólica deste 11 de agosto, atos na verdade contra a ação e as ameaças golpistas de Bolsonaro, lembraram a muitos que deles participaram o começo da campanha das Diretas Já em 1984, há quase quarenta anos.
Naquele momento, o que mais surpreendeu foi a grande e praticamente espontânea participação popular no comício de 25 de janeiro na Praça da Sé, no centro velho de São Paulo, tão perto da Faculdade de Direito da principal manifestação de agora.
O governo Figueiredo tinha conseguido impor às televisões e rádios mais submissos a versão de que o que estava programado para aquela tarde na Praça da Sé era apenas a comemoração do aniversário da cidade. Mesmo assim, dezenas de milhares de pessoas, talvez mais de uma centena de milhares, foram informados pelo boa a boca que fazia então as vezes das redes sociais de hoje, compareceram ao comício e fizeram dele o primeiro ato e uma grande campanha que mobilizou o Brasil inteiro.
A violência do governo, meses depois, impediu que TVs e rádios transmitissem ao vivo a votação no Congresso da emenda constitucional que restabeleceria a eleição presidencial direta e em consequência a emenda não foi aprovada. Mas a ditadura acabou logo depois, quando o candidato do governo à Presidência, Paulo Maluf, foi derrotado por Tancredo Neves, candidato da oposição, na própria eleição indireta que deveria perpetuar o regime.
Os atos deste 11 de agosto podem ter o mesmo papel das Diretas já há quatro décadas. É por isso que, já na antecipação de sua derrota iminente, as forças de extrema-direita agrupadas em torno do governo promovem neste início de campanha o mesmo clima de ódio, mentira e violência que na campanha de 2018 resultou no assassinato, na noite do primeiro turno da eleição, do capoeirista Mestre Moa do Catendê, em Salvador.
Neste início de campanha já tivemos o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda por um agente penitenciário em Foz do Iguaçu e em São Paulo o assassinato do campeão de jiu-jitsu Leandro No por um tenente da PM paulista.
Mestre Moa morreu esfaqueado por um paisano que nem teria acesso a qualquer arma de fogo. Marcelo Arruda e Leandro Lo foram mortos por armas de fogo que seus assassinos possuíam e portavam em razão de suas funções e que usaram movidos pelo discurso de ódio do Presidente da República.
Nesta campanha parece que Bolsonaro ainda não tem repetido o gesto de sua mão direita com o indicador na horizontar e o polegar para cima, simulando um revólver apontado contra Lula, mas verbalmente ele vem espalhando, agora com o concurso da primeira-dama Michelle, o discurso de que as forças do mal querem reapoderar-se da cadeira presidencial e é preciso liquidá-las a qualquer preço e consagrar essa cadeira a serviço do “Senhor Jesus”.
Aí acontece, felizmente, um paradoxo. Graças a esse discurso e à derrama de dinheiro público que o governo promove neste agosto, os índices de aceitação de Bolsonaro crescem nas pesquisas e os de rejeição caem. Por mais que isso preocupe os defensores da candidatura Lula como única saída para a triste e ameaçadora situação do país, a melhoria do quadro eleitoral para Bolsonaro pode reduzir um pouco o medo que ele e seus próximos sentem e que os coloca na situação de feras acuadas – e por isso mais perigosas.
Já temos, nas duas campanhas presidenciais de Bolsonaro, um rastro de sangue que torna assustadora a possibilidade de novas violências quando se dissipar nele próprio e em seu entorno a impressão de que ele vai continuar crescendo nas pesquisas.
Bolsonaro minimizou a importância da carta pela democracia já assinada por mais de um milhão de pessoas e motivadora das manifestações de 11 de agosto.Para ele, a carta foi apenas o protesto de uns poucos artistas privados dos recursos da Lei Rouanet e de dirigentes sindicais que perderam as verbas do fundo sindical.
Ainda bem. Pior seria se ele denunciasse a carta como uma nova ofensiva das forças do mal e, tentando mobilizar contra ela as forças do bem, inspirasse mais algum ato de violência no rastro de sangue que marca suas empreitadas eleitorais.
FOTO DA CAPA: Multidão no Largo São Francisco, no dia do lançamento da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”: bem mais do que as 200 pessoas cálculadas pela reportagem da da Folha de S.Paulo/Igor Carvalho.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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