Os economistas alinhados à Faria Lima aplaudiram entusiasticamente o aumento dos juros Selic – de 10,5% para 10,75% – pelo Banco Central Independente comandado pelo bolsonarista Campos Neto, para continuar combatendo neoliberalmente a inflação que está dentro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional(CMN).
Um dos mais entusiastas da decisão do BC foi o economista Felipe Salto, neoliberal de carteirinha, articulista do UOL, que saiu com uma barbaridade sem tamanho: juro alto não atrapalha a economia, não prejudica investimentos, não impede criação de empregos etc.
Faltou dizer que juro alto é bom para os investimentos produtivos, que quanto mais alto melhor etc e tal, porque a economia é resiliense e já está acostumado ao juro extorsivo.
A bancocracia cria os seus filhotes para disseminar o seu discurso antidesenvolvimento, porque se o país se desenvolver, aumenta a oferta de trabalho, aumenta o consumo interno, e consumo em alta, segundo eles, recomenda juro alto para conter a demanda que provoca inflação.
Se aferram à mentira que a crise neoliberal de 2008 jogou no abismo, conforme destaca o economista André Lara Resende, que deixou de ser neoliberal, ou seja, que inflação é fenômeno monetário.
O FED – Banco Central americano – na ocasião, inundou a praça de moeda, para fazer frente ao perigo de quebradeira bancária, e a inflação não subiu, ao contrário, caiu; caiu, não, despencou, espetacularmente, enquanto a dívida pública baixou.
A autoridade monetária americana adotou uma solução homeopática: veneno de cobra contra veneno de cobra.
Os bancos estavam excessivamente alavancados, cheios de moeda pobre.
O que fez o FED?
Trocou moeda pobre por moeda nova, sadia, dívida impagável por novas dívidas, esticando prazos.
Repetiu Adam Smith, que, na sua “Riqueza das Nações”, diz claramente: dívida pública não se paga, renegocia-se.
Quando a autoridade monetária(Banco Central) eleva a oferta da quantidade de dinheiro na circulação, provoca quatro fatores simultâneos, segundo John Maynards Keynes, autor de “Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro(Inflação e Deflação)”:
1 – aumenta preços;
2 – reduz salários;
3 – diminui juros e
4 – perdoa dívida do capitalista contratada a prazo.
Vislumbra-se o pleno emprego, que, segundo o economista clássico, Alfred Marshall, representa o ponto de máxima exploração do trabalho; quando, conforme outro economista famoso, Pigou, falando a mesma coisa, disse que salário zero ou negativo produz pleno emprego.
O trabalhador, nesse caso, só não trabalha se não quiser, pelo salário disponível.
Os clássicos teorizaram que, nesse caso, emerge o “desemprego involuntário”!!!
Portanto, tal combinação de fatores – aumento de preços, redução de salários, diminuição de juros e perdão de dívida – produz, aos olhos dos empresários, os agentes econômicos da produção, a eficiência marginal do capital, isto é, o lucro.
É o momento em que o capitalista não tem medo de enfiar a mão no bolso para aumentar investimento a custo, praticamente, zero.
Isso ocorre graças à ação da única variável econômica verdadeiramente independente no capitalismo, expressa no aumento da quantidade de moeda na circulação capitalista, proporcionada pela autoridade monetária.
Mas, os economistas rendidos a Faria Lima, como Felipe Salto e cia ltda, passaram a ter horror da estratégia keynesiana.
Querem é o círculo vicioso da prosperidade rentista.
Por isso cantam para o mercado especulativo: caixinha, obrigado!
(*) Por César Fonseca, jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio, é conselheiro da TVCOMDF e edita o site Independência Sul Americana.