Os desafios que o primeiro Governo do Pacto Histórico terá que enfrentar são imensos. Entre eles estão, [1] como enfrentar a oposição de direita; [2] parar a guerra e avançar na chamada paz total, isto é, cumprir os Acordos de Paz de Havana, 2016, entre o Estado colombiano e as FARC-EP e o EPL e, ademais, reprimir ao paramilitarismo e reorientar a luta contra o narcotráfico; [3] fazer as reformas tributária, das FF.AA, da polícia e do ESMAD para pagar a dívida histórica com os invisibilizados; [4] gabinete ministerial e altos cargos do Estado para a governança que aborde tanto assuntos da ordem nacional como internacional; e, [5] estabelecer as condições para a mudança climática e a transição energética.
Se tornaria muito exaustivo abordá-los todos num só artigo, por isso se tratará de cada um separadamente.
I. Como enfrentar a oposição de direita despojada do poder político?
O Governo do Pacto Histórico e a aliança policlassista [burguesis bipartidarista, classe média e precariado] de Gustavo Petro e Francia Márquez, que tomou posse em 7 de agosto, está dando seus primeiros passos numa direção que, por enquanto, se estima correta, com o fim de avançar na gigantesca tarefa de transformar as condições de miséria e pobreza de milhões, acabar com a guerra [paz total], distribuir melhor a riqueza [reforma tributária] e democratizar a sociedade [reforma das FF.AA., desmontar o ESMAD.
A oposição de direita que vai enfrentar está apenas se levantando da derrota sofrida nas urnas no 19 de junho [próximo] passado, quando mais de 11,3 milhões de votantes elegeram ao primeiro presidente não oligárquico e a primeira vice-presidenta afrodescendente de origem popular e raizal [originária].
O renhido triunfo eleitoral rompeu a longa tradição histórica de Governos oligárquicos que levaram a nação a uma crise social e econômica caracterizada pela extrema pobreza e miséria; os crimes de Estado; o descumprimento do Acordo de Paz e, por conseguinte, a continuação do conflito armado interno.
Os oligárquicos foram Governos que passaram por cima da Constituição e não tiveram decoro moral nem étnico em se aliarem com o narcotráfico para se apoderarem do Estado e de suas instituições, continuar o extermínio sistemático de líderes sociais e da oposição política de esquerda, como a forma mais “exitosa” de manter seu domínio de classe.
Ao movimento social e popular que tem lutado desde a oposição por uma mudança que ponha fim aos Governos da vassalagem mais longa do continente lhe tem custado entender qual é seu papel e acionar frente ao primeiro Governo popular que acaba de eleger. O novo cenário político com o qual se enfrenta o movimento popular o pegou com as calças nas mãos. O qual significa entender, entre outros [fatores], como enfrentar a agressiva oposição da direita.
Parte do problema reside no que se tem entendido o que significa, por um lado, exercer a oposição e, por outro, ser Governo. No entanto, se conta com um acumulado político de lutas muito valioso, de triunfos e derrotas, no qual o principal sujeito da mudança, o movimento social e popular, assestou duros golpes [ganhar as eleições presidenciais e a mobilização e a Paralisação Nacional de novembro de 2019 que explodiu com a reforma tributária antipopular que o Governo de Iván Duque apresentou em abril de 2021, desencadeando uma explosão social sem precedentes na história contemporânea] a um regime que nunca vacilou em usar a violência institucional para conservar o domínio de classe.
Ao movimento parlamentar-eleitoral que se mobilizou pelos votos para eleger um novo Governo, se encarrega voltar a assumir o papel do movimento extra parlamentar, se organizar e se ativar para poder assumir a mobilização e a luta nas ruas, uma das formas de luta mais contundentes e efetivas.
Se míngua a consciência nas bases sociais e não se tem isto claro, é muito provável que o novo Governo se colapse como um castelo de naipes ante a violenta ofensiva e os ataques que a oposição prepara. Isso poderá ocorrer se não se cuidar do vínculo e da articulação política com a base social que o levaram a ser Governo, pois ninguém mais o poderá defender ante qualquer ataque da oposição de direita para asfixiá-lo, desgastá-lo e derrocá-lo.
Passar de ser oposição de esquerda a ser a base popular de apoio e defesa do Governo do Pacto Histórico não é um assunto qualquer. Pois não se trata de se converter num coro de aplausos nem num movimento submisso e incondicional do novo Governo. Pelo contrário, do que se trata é de assumir uma postura crítica e autônoma como movimento social e popular, de não permitir ser cooptado sem perder de vista que a meta é aprofundar as reformas propostas e avançar para formas de Governo que superem as frágeis alianças partidaristas e classistas que abram caminho a outras formas de poder, que assumam a luta contra o modelo capitalista e seu nefasto impacto sobre a humanidade e a natureza. E esta tarefa histórica requer ampliar e aprofundar o processo de formação e educação política de milhões de cidadãos.
Nessa tarefa gigante, o debate de ideias e as redes sociais, a mobilização, o trabalho comunitário [de bairro], artístico, cultural, as assembleias locais e todas as formas de luta que o movimento inventou em sua infinita criatividade jogam um papel fundamental na formação da consciência política frente a um cenário de luta de classes como o que se está dando em Colômbia.
Finalmente, é uma tarefa urgente constituir uma rede e articulação de organizações, líderes, ativistas de base e movimentos de toda índole para a defesa. em todas as suas frentes, do conquistado; porém também para pressionar [a fim de] que as bandeiras pelas quais foi eleito o novo Governo se cumpram; para apoiar decisões que venham em concordância com as demandas que o movimento popular e social vem exigindo.
Para que a defesa do conquistado não seja um simples coro de aplausos, senão que um verdadeiro ato onde a digna ira volte a ser a centelha da mudança radical e a marcha siga adiante. Isso, como se afirmou, demanda uma nova forma de relacionamento entre o movimento social e as cidadanias livres com o Governo da mudança histórica.
(*) Por Oto Higuita. Tradução > Joaquim Lisboa Neto
Artigo publicado, originalmente, no site da teleSUR (no se hace responsable de las opiniones emitidas en esta sección)
Acessar > https://www.telesurtv.net/bloggers/Los-desafios-del-Gobierno-del-Pacto-Historico-en-Colombia-20220823-0003.htmlutm_source=planisys&utm_medium=NewsletterEspa%C3%B1ol&utm_campaign=NewsletterEspa%C3%B1ol&utm_content=32
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