Começam a surgir os nomes de quem participou de perto da gestão criminosa de Bolsonaro na pandemia. Grupo teria sido articulado por Arthur Weintraub, chamado de “porra louca” pelo atual presidente
Começam a aparecer os nomes daqueles que devem ser responsabilizados, ao lado de Jair Bolsonaro, pelas milhares de mortes por Covid-19 que poderiam ter sido evitadas, mas acabaram ocorrendo devido à gestão criminosa que o governo federal fez da pandemia. Documentos que a Casa Civil da Presidência da República teve de entregar à CPI da Covid comprovam que Bolsonaro criou uma espécie de “ministério paralelo” para tomar as decisões que produziram a catástrofe de quase meio milhão de óbitos.
Os papéis foram obtidos pela Folha de S. Paulo e apontam 24 reuniões ao todo, que ocorreram no Palácio do Planalto ou no Alvorada. A pergunta que surge, então, é: por que o governo precisaria criar uma espécie de ministério secreto, que agiu à margem do Ministério da Saúde? A resposta não é difícil de imaginar. Precisava ser secreto porque Bolsonaro e seus cúmplices decidiram colocar em prática uma estratégia que ia contra tudo o que a ciência recomendava.
Nome aos bois
Entre as pessoas que participaram dessas reuniões estão os filhos de Jair Bolsonaro; Arthur Weintraub, ex-assessor especial do governo e irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub; e médicos defensores da cloroquina, como o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e Nise Yamaguchi, afastada do Hospital Albert Einstein no início da pandemia.
Completam a lista o assessor especial da Presidência Tercio Arnaud, integrante do gabinete do ódio; o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que mentiu e quase foi preso ao depor na CPI; o assessor internacional da Presidência Filipe Martins; e o empresário Carlos Wizard.
CPI segue o rastro
Segundo a Folha, a CPI da Covid mira principalmente em dois nomes para investigar o grupo: o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente, e Arthur Weintraub. Este último é visto como um dos articuladores do ministério paralelo desde que o site Metrópoles reuniu vídeos que apontam nesse sentido.
Em um deles, Weintraub, durante live com Eduardo Bolsonaro, disse que recebeu como missão do atual presidente se aprofundar na questão da cloroquina. “O seu pai virou pra mim (…) e falou: ‘Ô, Magrelo, você que é um porra louca, vai lá e estuda isso daí” (assista abaixo). Depois da divulgação do vídeo, o senador Humberto Costa (PT-PE) convocou o ex-assessor para depor na comissão de inquérito.
Exclusivo 🚨 Vídeos levantam suspeita de que Arthur Weintraub, ex-assessor presidencial, teria – sob orientação de Jair Bolsonaro – coordenado o “ministério paralelo” da saúde em 2020. À época, Arthur defendeu a mudança na bula da Cloroquina citada na #CPIdaCovid
🎥: @sampancher pic.twitter.com/V50q5wVLp0
— Metrópoles (@Metropoles) May 22, 2021
Além dos documentos, alguns depoimentos também indicam que Bolsonaro decidiu gerir a pandemia ao lado dessas pessoas. À Folha, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o ex-secretário Fabio Wajngarten deu relatos que comprovam a existência do grupo. “De acordo com o parlamentar, isso aconteceu depois que Wajngarten admitiu que participou de reuniões de negociação da vacina da Covid com representantes da Pfizer”, informa o jornal.
Reprodução do PT na Câmara