Espionagem pela Abin sobre Itaipu começou no governo Bolsonaro e terminou quando Lula assumiu; Paraguai chama embaixador
O Paraguai anunciou nesta terça-feira a suspensão de todas as negociações relacionadas ao Anexo C do Tratado Binacional de Itaipu com o Brasil até que o país esclareça um suposto ataque ao sistema oficial de computadores paraguaio.
O Governo do Paraguai disse em nota que a decisão foi tomada “considerando o comunicado emitido na tarde de ontem (segunda-feira) pelo Governo da República Federativa do Brasil confirmando uma ordem de ação de inteligência contra o Paraguai entre junho de 2022 e março de 2023”.
Em fevereiro passado, ambos os países concordaram em definir 30 de maio de 2025 como a data final para a assinatura do novo Anexo C do Tratado Binacional de Itaipu, uma empresa conjunta entre os dois países.
O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, informou na segunda-feira que seu país não tem evidências até o momento de que o Brasil tenha atacado seus sistemas de computador.
O governo paraguaio chamou seu embaixador em Brasília para consultas e convocou o embaixador brasileiro em Assunção, a fim de esclarecer a situação em relação a um possível caso de espionagem da Abin. A polêmica foi iniciada na segunda-feira, quando um funcionário da agência brasileira afirmou, em depoimento enviado à Polícia Federal e vazado para o portal UOL, que a Abin realizou uma operação de invasão nos sistemas paraguaios, incluindo o Congresso e a Presidência da República, além de autoridades envolvidas nas negociações sobre a usina de Itaipu.
A informação sobre esse suposto caso de espionagem veio à tona na segunda-feira e, de acordo com o funcionário da Abin, a espionagem das instituições paraguaias começou durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas continuou sob o atual líder, Luiz Inácio Lula de Silva.
O governo brasileiro respondeu a essas acusações enfatizando que o governo de Lula “nega categoricamente qualquer envolvimento em atividades de inteligência contra o Paraguai” e que, de fato, ordenou que fossem interrompidas assim que tomou conhecimento de sua existência, de acordo com uma declaração publicada pelo G1.
“A referida operação foi autorizada pelo governo anterior em junho de 2022 e foi cancelada pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, assim que a atual administração tomou conhecimento do fato”, acrescenta a declaração, que enfatiza o compromisso do governo com ‘respeito e diálogo” com o Paraguai e os demais parceiros da região.