Dias antes do atentado contra Cristina Kirchner em Buenos Aires, Bolsonaro foi alvo em Curitiba, durante uma motociata, do arremesso ou suposto arremesso contra ele de uma pedra ou um ovo (conforme a versão de uma ou outra testemunha), ato classificado de atentado por um amigo e seguidor fanático, o delegado Francischini, ex-Secretário de Segurança do Paraná e ex-deputado, cassado pela Justiça Eleitoral por difusão de fake news.
Francischini, um dos organizadores da motociata, declarou em entrevista ter ido a uma delegacia de polícia, “para solicitar a abertura de um inquérito” que apurasse “quem atentou novamente contra a vida do presidente Jair Bolsonaro”. De acordo com ele, o homem na calçada teria atirado uma pedra.
O gesto desse homem foi gravado em vídeo e esse vídeo apareceu em muitos sites e um ou outro noticiário de televisão. O vídeo mostrava a a carreata prosseguindo sem que qualquer de seus integrantes, inclusive os seguranças que certamente cercavam Bolsonaro, fizesse qualquer tentativa de parar sua moto, desmontar e prender o agressor. E, apesar da declaração do delegado Francischini, nada se soube de público nos dias seguintes sobre qualquer resultado do inquérito policial que apuraria “quem atentou novamente contra a vida do presidente Jair Bolsonaro”.
Essa situação é estranha. Normalmente as redes bolsonaristas estariam fazendo o maior barulho se Bolsonaro e sua turma, especialmente Francischini, que é policial experiente, tivessem levado a sério o gesto do homem que foi filmado atirando ou fingindo atirar alguma coisa contra Bolsonaro à passagem de sua carreata. (A propósito, Bolsonaro estava sem capacete em sua moto.)
Será que foi fingimento? Se foi fingimento, a iniciativa terá sido desse agressor que ninguém tentou conter nem prender? Ou ele agiu a mando de alguém, quem sabe do comendo da campanha de Bolsonaro? Essas perguntas suscitariam outras, mas nem foram feitas, porque não se teve qualquer notícia posterior do inquérito que teria sido pedido pelo delegado Francischini. De modo que o caso parece definitivamente encerrado, sem explicação.
Sem explicação ficou também e exigência feita de última hora pelo GSI, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, de que no debate da TV-Bandeirantes Bolsonaro não ficasse ao lado de Lula, como estabelecido antes em sorteio. Por maior que pudesse ser a animosidade recíproca entre os dois, seria plausível supor que Bolsonaro correria o risco de ser atacado fisicamente por Lula?
Ou o General Heleno, Ministro-Chefe do GSI, ficou com medo de Bolsonaro exaltar-se, perder a cabeça e partir para cima de Lula? Fosse outro o comportamento de Bolsonaro e essa pergunta não teria cabimento.
Esse fato também foi definitivamente encerrado sem resposta e, na velocidade em que se multiplicam os acontecimentos da campanha presidencial, ninguém mais se preocupa com eles. O próprio Bolsonaro passou a ser mais assunto por uma nova agressão a uma jornalista mulher, Gabriela Priolli, por não o ter convidado para aparecer em seu programa na TV.
Com o atentado a Cristina Kirchner, a expectativa em relação a Bolsonaro passou a ser sobre se ele o condenaria ou silenciaria. Depois de um bom tempo ele falou – e com tal má vontade que teria sido melhor silenciar.
– Já mandei uma notinha – disse ele. – Eu lamento. Agora, quando eu levei a facada, teve gente que vibrou por aí, né? Lamento. Já tem gente querendo botar na minha conta já esse problema. O agressor ali ainda bem que não sabia mexer com arma, se soubesse teria tido sucesso.
Uma “notinha”? Essa referência assim depreciativa tentava agredir a opositora política, mas de fato agride um país com o qual o Brasil tem relações diplomáticas e comerciais intensas e do qual é parceiro no Mercosul. O resto da declaração situa Bolsonaro numa posição desprezível, como um chefe de Estado e de governo incapaz ao menos de simular que entende as dimensões do encargo dado a ele, embora numa eleição que foi uma gigantesca fraude midiática e judiciária combinada com uma campanha de mentiras como a onda do Kit Gay e da mamadeira erótica.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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