Grupo de Mobilização do Grito dos Excluídos e Excluídas de Brasília, que inclui a Comissão Justiça e Paz de Brasília
A proposta do Grito dos Excluídos e Excluídas surgiu em1994, a partir dos diálogos da 2ª Semana Social Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. cujo tema era “Brasil, alternativas e protagonistas”, associada à inspiração da Campanha da Fraternidade de 1995, com lema“A fraternidade e os excluídos”.
O resultado da mobilização social da 2ª Semana Social Brasileira – 2ª SSB envolveu 400 entidades que atuam no Semiárido brasileiro, possibilitando a organização da Articulação do Semiárido (ASA). Da 2ª SSB, nasceu também o Grito dos Excluídos que, desde então, mobiliza ações populares durante a Semana da Pátria, em setembro.
O dia de mobilização nacional Grito dos Excluídos eExcluídasé realizado no dia 7 de setembro, anualmente, etem como motivação um contraponto ao Grito da Independência.
O primeiro Grito dos Excluídos eExcluídasfoi realizado em 1995, tendo como lema “A vida em primeiro lugar”, e ecoou em 170 localidades.Em 1996, a CNBB aprovou o Grito dos Excluídos eExcluídasem sua Assembleia Geral, como parte do Projeto Rumo ao Novo Milênio –PRNM,doc. 56 nº 129. A cada ano, se efetiva como uma imensa construção coletiva, antes, durante e após o 7 de setembro.
O Grito dos Excluídos eExcluídasé mais do que uma articulação: éum processo, uma manifestação popular carregada de simbolismo, que integra pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.
O Grito dos Excluídos eExcluídasbrota do chão, é ecumênico e vivido na prática das lutas populares por direitos.
A proposta questiona o que é percebido como“independência” para o povo brasileiro e nos convida a superar o patriotismo passivo. Essencialmente, contribui para a reflexão sobre o Brasil que queremos – cada vez melhor e mais justo para todos os cidadãos e cidadãs!O Grito dos Excluídos eExcluídasé um espaço aberto para denúncias sobre as mais variadas formas de exclusão.
Nesta perspectiva, o Grito dos Excluídos eExcluídasse propõe à construção social da cidadania ativa e da participação, colaborando para a realização de uma nova sociedade justa, solidária, plural e fraterna. O Dia da Pátria se transforma em um dia de consciência política, de luta por uma nova ordem nacional e mundial. É um dia para sairmos às ruas, comemorarmos, refletirmos, reivindicarmos e lutarmos por um Brasil mais igualitário.
A Criatividade, a Metodologia e o Protagonismo dos Excluídos e Excluídas são características importantes do Grito dos Excluídos eExcluídas, que privilegia a participação ampla, aberta e plural. Os mais diferentes atores e sujeitos sociais se unem numa causa comum, sem deixar e lado sua especificidade.
A cada ano, o Grito dos Excluídos eExcluídastem um lema nacional, que pode ser trabalhado regionalmente, a partir da conjuntura e da cultura locais. As manifestações são múltiplas e variadas: caminhadas, desfiles, celebrações especiais, romarias, atos públicos, procissão, pré-Gritos, cursos, seminários, palestras, teatro, forrós e diversas outras manifestações para trazer protagonismo aos excluídos e excluídas.
O Grito dos Excluídos eExcluídasfoi concebido como um processo de construção coletiva. Hoje compõem a Coordenação Nacional: Comissão Episcopal para Ação Sócio Transformadora da CNBB; Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Cáritas Brasileira (CB); Central dos Movimentos Populares (CMP); Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE); Pastoral Operária (PO); Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM); Romaria dos/as Trabalhadores/as; Comissão Pastoral da Terra (CPT); Rede Jubileu Sul Brasil; Juventude Operária Católica (JOC); Pastoral Afro Brasileira (PAB); Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST); Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM); Rede Rua; Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP); Pastoral da Juventude (PJ); Pastoral Carcerária (PCR); Serviço Franciscano de Assistência (SEFRAS); Comunidades Eclesiais de Base (CEBS); Conselho Nacional do Laicato no Brasil (CNLB) e continua aberto a quem quiser comprometer-se com o Grito dos Excluídos eExcluídas.
O Grito dos Excluídos eExcluídasé um contínuo, que compreende um tempo de preparação e pré-mobilização, ato coletivo e compromissos concretos que dão continuidade às atividades. As ações do dia 07 de setembro são apenas uma parte de muitas outras que acontecem antes, durante e depois de setembro. Esse processo de reflexão e mobilizações ocorre por meio de reuniões, lutas específicas do dia a dia, debates, formação de lideranças ao longo do ano, e que se intensifica no mês de setembro.
São 30 anos de resistência, lutas, anúncio e avanços! O Grito dos Excluídos eExcluídasesperançou um mundo mais justo e acolhedor. E com certeza seguirá angariando pessoas, incentivando ações que fortalecem e mobilizam as lutas sociais, denunciando as injustiças e os males do sistema neoliberal, liberal e capitalista, que exclui, degrada e mata a vida, concentra a riqueza e a renda nas mãos de poucos e impõe miséria para bilhões.
Pelo que gritamos?
Pela Resistência! Contra o genocídio do povo Palestino, mulheres e crianças gritamos: VIDAS PALESTINAS IMPORTAM!
Pela mudança nos padrões de consumo e exploração dos povos e do planeta! Pela visibilização dos impactos causados pela crise climática, cada vez maiores, especialmente sobre os territórios periféricos. Contrao modo de produção atual, para o qual a vida da natureza vale apenas o lucro e a vida dos povos tradicionais não importa, gritamos: AS VIDAS DOS POVOS TRADICIONAIS, QUILOMBOLAS, RIBEIRINHOS, PESSOAS DO CAMPO, DA FLORESTA E DA CIDADE IMPORTAM!
Pela mudança no sistema financeiro e na economia, que concentra riquezas! Poruma conversão ecológica e uma nova economia, um novo sistema econômico-social biocentrado e em direção ao Bem Viver, no verdadeiro sentido de realmar a economia, gritamos: AS PESSOAS E A NATUREZA IMPORTAM!
Pelo combate aofeminicídio e à violência contra mulheres e crianças!O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos – ACNUDH.A cada seis minutos ocorre um estupro no país, e o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de exploração sexual infantil. A vida das mulheres e crianças precisa de atenção e cuidado. Por isso, gritamos: AS VIDAS DE MULHERES E DE CRIANÇAS IMPORTAM!
Pelo trabalho digno, com a remuneração justa! Contra a precarização do trabalho, ao “empreendedorismo” de aplicativos, às cargas diárias exaustivas, contra às escravidões modernas. Pedimos o respeito às trabalhadoras e aos trabalhadores, o trabalho centrado no humano, o foco no re-humanizar as relações trabalhistas, e gritamos: AS VIDAS DAS TRABALHADORAS E DOS TRABALHADORES IMPORTAM!
Pela inclusão e pela diversidade! Contra a homofobia, a transfobia e todo tipo de violência contra a população LGBTQIA+! Infelizmente, o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. Apenas em 2023 foram registradas 257 mortes violentas dessa população. Pela transformação dos nossos preconceitos e verdadeira inclusão social, gritamos: AS VIDAS LGBTQIA+ IMPORTAM!
O Grito dos Excluídos e Excluídas é uma resposta pessoal e coletiva a esses problemas. Precisamos juntos realizarmos um grande Grito dos Excluídos e Excluídas em 2024.
A experiência no Distrito Federal está conectando os movimentos populares e sociais como a Economia de Francisco e Clara/DF, Movimento dos Sem Terra – MST, Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos – MTD, Centro de Estudos Bíblicos – CEBI, Vida e Juventude, Comissão Justiça e Paz de Brasília – CJP-DF, Jesuítas e CVX – Brasil Comunidade de Vida Cristã do Brasil, Centro Cultural de Brasília, entre outros, em uma grande mobilização para o próximo dia 7 de setembro, em Brasília. Siga @gritodosexcluidos.df no Instagram para acompanhar as reuniões e a programação.
Vamos motivar e incentivar a criação, organização e o fortalecimento de espaços de reflexão coletiva sobre o tema e lema do 30º Grito – “Vida em Primeiro Lugar! ” e “Todas as formas de vida importam! Mas quem se importa? ”.
Juntos vamos cobrar políticas públicas de inclusão social que protejam a vida do povo e o meio ambiente, superando as desigualdades, combatendo e erradicando a fome. Vamos defender o acesso à terra, ao teto e ao trabalho, bem como a agricultura camponesa e familiar, baseada na agroecologia, no acesso a alimentos saudáveis e soberania alimentar e acesso à água. Promover diálogos inter-religiosos e ecumênicos, como forma de combater a intolerância religiosa e para que todos e todas tenham direito de professar a sua fé e religiosidade.
Lembremos sempre a exortação do Papa Francisco:
“ A resposta não está escrita, depende de nós “.
Vamos pensar e construir juntos e juntas as ações de mobilização em todo o Brasil até o grande dia 7 de setembro, o dia do Grito dos Excluídos eExcluídas. Conheça as iniciativas em sua cidade no site https://www.gritodosexcluidos.com/
Paz e bem.