Inauguração do Porto de Chancay, no Peru, abre possibilidades para Brasil na Nova Rota da Seda (Iniciativa Cinturão e Rota)
À margem da cúpula do G20, a delegação chinesa terá muito trabalho pela frente, em especial nas reuniões com autoridades brasileiras e entidades empresariais onde o foco é o futuro dos investimentos no Brasil.
Aqui, o destaque deverá ser a possível entrada do País na Iniciativa Cinturão e Rota, também conhecida como Nova Roda da Seda. A delegação do Amazonas, envolvendo o Governo do Estado, a Prefeitura de Manaus, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), tem especial interesse no tema.
Noves fora a presença atual da China no Polo Industrial da capital amazonense, com 10 indústrias do setor eletroeletrônico, com foco quase exclusivo no mercado consumidor nacional, a integração do Brasil à Rota da Seda vai dar acesso facilitado ao Porto de Chancay, no norte do Peru.
O megaprojeto chinês de quase US$ 5 bilhões, inaugurado na quinta-feira (14), com a presença do presidente da China, Xi Jinping, poderia ser a uma rota de saída para todos os países do Pacífico dos produtos fabricados na Zona Franca de Manaus (ZFM), mas, mais ainda, encurtará o tempo de chegada dos componentes chineses importados com redução de impostos.
Desse modo, o trajeto da China ao Brasil seria encurtado, com o desembarque em Chancay, depois por rodovia até Tabatinga (última cidade amazonense na fronteira com o Peru) e de lá por via fluvial até Manaus.
Os incentivos fiscais na importação de bens que venham a compor produtos finais são a base fundamental da própria existência da ZFM, que oferece descontos ou isenção do Imposto de Importação de acordo com o grau de nacionalização dos itens finais fabricados e a da geração de vagas. O ICMS estadual também agrega subsídios.
PAC prevê melhora na infraestrutura, mas ainda não atende Porto de Chancay
No Programa de Aceleração do Crescimento (PAC3), o Governo Federal dedica parte importante de seus projetos para a melhoria da infraestrutura nesse eixo amazônico, embora o Brasil ainda não tenha aderido formalmente a essa integração promovida pelos chineses envolvendo os países parceiros banhados pelo Oceano Pacífico.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, tem feito várias visitas à China, e a mais recente informação sobre um novo empreendimento chinês na região, confirmada ao Monitor Mercantil pela assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sececti), é a chegada da Livoltek.
A empresa chinesa do setor fotovoltaico teve o projeto aprovado pela Suframa e pelo governo estadual e deverá gerar 400 empregos diretos após a implantação da unidade.
Ela vai se juntar às unidades chinesas da Gree, TPV, Wasion, Todaytec, Nansen, I-Sheng, Hikvision, Futura, TCL Semp e BYD, que juntas empregam mais de 5 mil pessoas.
Aliado de Pequim no Brics e hoje detentor de um dos maiores aportes de recursos chineses no mundo – em 2021 houve a entrada de mais de US$ 5 bilhões em novos projetos – o Brasil espera ainda mais pelo apetite do “dragão”.
Não há uma estatística precisa sobre os estoques de investimentos da China no país, nem mesmo a quantidade de multinacionais com CNPJs. Mesmo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), ligado ao Bradesco, e alguns think thanks não sabem precisar as contas.
O Banco Central há muito deve uma atualização. Mas o que mais se aproxima, em valores, é algo superior a US$ 200 bilhões, em cerca de 800 empresas. Nos dois últimos anos, houve uma queda na internação de novos recursos chineses, com a entrada de US$ 1,7 bilhão, para cerca de 29 a 32 novos projetos.