O antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares publicou ontem um artigo defendendo a não realização de protestos, nas ruas, neste crítico momento da vida política nacional agravado pela pandemia. Alega ele que manifestações agora poderiam ser usadas, pelos do Palácio do Planalto, para justificar nova ação golpista e com possíveis consequências sangrentas.
Ontem mesmo, o assunto ocupou páginas e mais páginas de discussões pró e contra nas redes e em grupos de Whatsapp e hoje, o deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) respondeu diretamente a Soares, defendendo que a população deve sim ir às ruas protestar, “pela necessidade presente, a urgência e o que possa estar por vir. (…) Vou seguir com as torcidas antifascistas”, enfatizou.
Entretanto, a polêmica, com ponderações de diversos matizes, não parou por aí — como a que publicamos abaixo, da jornalista e poeta Angélica Torres, colaboradora deste BRASIL POPULAR.
Minha resposta a Glauber Braga
Gosto desse deputado, mas como tal, ele devia ter lutado nas ruas desde as investidas do golpe de Temer e caterva, junto conosco, que estivemos militando nela até pouco antes do Coronavírus transtornar a vida nacional e a da humanidade inteira. E devia, mais ainda, ter ajudado a chamar a estudantina e todos para lutarem bravamente contra Jair Bolsonaro, desde antes de “ter sido eleito” para presidir o país.
Ninguém vai parar a galera, se quiserem se manifestar aos domingos, feriados e dias santos da quarentena, mas o deputado pensa sério mesmo que protestando eventualmente, ele e os heroicos guerreiros de agora estarão tirando o Brasil da mão da quadrilha, é?
Alguém diz para ele ler, por favor, a cartilha de Gene Sharp sobre táticas de como se sair vitorioso de uma revolução que, em princípio, não se pretende sangrenta: é com os bambambãs da velhacaria de plantão que se aprende o pulo do gato. E o pulo do gato é não sair das ruas enquanto não se ganhar a guerra. Ou ao menos a batalha.
Perguntem ao deputado, e a todos os que vão se manifestar no domingo, se estão dispostos a sustentar a luta diariamente, como fizeram os hermanos vizinhos e como estão fazendo os brothers do hemisfério Norte. Porque se for só um grito de carnaval é melhor que #fiquem em casa#, pra não espalharam ainda mais o Covid-19 e não se sentirem depois responsáveis por novos infectados e mortos.
Quem dá esse toque, aliás, fervorosa antifascista é.