Esta semana, veio a público que o Reino Unido pretende extrair, em conjunto com a empresa israelita Navitas Petroleum, pelo menos 500 milhões de barris de petróleo das Malvinas, cuja soberania é disputada
Gustavo Melella, governador da província argentina Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul, condenou esta quarta-feira a pretensão britânica de realizar uma consulta popular nas Malvinas para avançar na extracção petrolífera no arquipélago ocupado à força pelo Grã-Bretanha em 1833 e cuja soberania é reclamada por Buenos Aires.
A medida promovida pelo Reino Unido ganhou dimensão pública esta semana, depois de as autoridades do território terem pedido oficialmente aos ilhéus que se pronunciassem, entre 24 de Junho e 5 de Agosto, sobre a extracção petrolífera em áreas próximas à Ilha Soledad e à Grande Malvina.
Segundo revelou The Telegraph, o Reino Unido estima que na zona da Ilha dos Leões Marinhos haja cerca de 1700 milhões de barris de petróleo – uma jazida várias vezes maior que a Rosebank, que representa o maior projecto de desenvolvimento no Mar do Norte britânico e que se estima que contenha 300 milhões de barris.
A empresa israelita Navitas Petroleum é quem detém a maioria dos direitos de exploração sobre esse território, pelo que, a concretizar-se a exploração, a maior parte dos lucros iriam para os bolsos de accionistas em Israel e nos EUA, revelou ainda o periódico britânico.
Defesa da soberania e do direito internacional
Neste contexto, Gustavo Melella expressou o seu repúdio «categórico e contundente pela nova acção ilegal britânica, que pretende levar a cabo uma consulta popular nas Ilhas Malvinas para avançar na exploração e saque dos nossos recursos de hidrocarbonetos em flagrante violação do direito internacional».
O governador da Terra do Fogo, Antártida e Ilhas do Atlântico Sul, indica a TeleSur, sublinhou que a acção conjunta do Reino Unido e da empresa israelita «viola a resolução 31/49 da Assembleia Geral das Nações Unidas e a legislação nacional e provincial vigente».
Melella lembrou que agiu contra «todas as empresas que pretenderam realizar acções nas Malvinas sem a nossa devida autorização enquanto legítimas autoridades provinciais» e que irá proceder de igual modo, recorrendo a todos os instrumentos legais ao seu dispor.
No mesmo sentido, pronunciou-se a senadora Cristina López, da coligação kirchnerista Unión por la Patria, afirmando que a decisão do Reino Unido constitui «uma nova violação da nossa soberania» e denunciando a «falta de acção de Javier Milei em defesa dos nossos recursos naturais».
Soberania sobre Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e espaços marítimos circundantes
O país austral tem reafirmado de forma contínua e regular a sua soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes, desde a sua ocupação pelo Reino Unido, em 1833.
Em Agosto do ano passado, Santiago Cafiero, ministro dos Negócios Estrangeiros do governo liderado por Alberto Fernández, denunciou a insistência do Reino Unido na realização de exercícios militares no Atlântico Sul, lembrando que tal viola a resolução 31/49 da Assembleia Geral das Nações Unidas que exorta ambas as partes a abster-se de tomar decisões unilaterais que provoquem alterações na situação, quando as Malvinas passam pelo processo de negociação por ela recomendado.
Cafiero apontou por diversas vezes que a presença de forças militares britânicas nas ilhas se opõe à vontade expressa pelas autoridades do país sul-americano de «resolver a controvérsia por meios pacíficos, em conformidade com o direito internacional e as deliberações das Nações Unidas».