Em mais um ato de provocação para medir até onde pode ir tranquilamente sem reação forte da população brasileira, o presidente Jair Bolsonaro participou de uma manifestação que defendia intervenção militar em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, neste domingo (19), justamente no Dia do Exército.
Entre as palavras de ordem estavam a defesa de Bolsonaro, da ditadura militar e da volta do AI-5 (Ato Institucional Nº 5, de 13 de dezembro de 1968, que fechou o Congresso Nacional, cassou direitos políticos, endureceu a censura e matou muita gente). Mas o que mais chamou a atenção foi que havia várias faixas verdes – todas iguais – pedindo a ditadura militar com a continuidade de Bolsonaro no poder.
Após o ato, Bolsonaro se reuniu com ministros militares, com destaque para Augusto Heleno, do GSI, Fernando Azevedo, da Defesa, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.
Lideranças políticas, sindicais e de entidades de classe, além de membros do judiciário, manifestaram-se por meio de nota ou pelas redes sociais, repudiando a atitude de Bolsonaro.
Algumas manifestações:
Gleisi Hoffmann (PR), deputada e presidente do PT: “De novo Bolsonaro e sua irresponsabilidade. Provoca aglomeração para fazer discurso político e incentivar ilegalidades. Receita perfeita para a tragédia”, denunciou.
Juliano Medeiros, presidente do PSOL: “Essa provocação soma-se a outras tantas e comprova que ele não tem mais condições de seguir governando. É preciso que Bolsonaro deixe o poder imediatamente, pelos meios constitucionais disponíveis, para que o Brasil não siga sob as ameaças de um genocida.”
Fabiano Contarato, senador (Rede-ES): “A Liberdade faz, agonizante, sua última convocação a todos os democratas: é momento de superar as divergências em nome do enfrentamento à escalada autoritária do Presidente e aos riscos do coronavírus, os dois maiores inimigos do Povo!”.
Jandira Feghali, deputada federal (PCdoB-RJ) – “Bolsonaro, mensageiro da morte, há dias coloca sem escrúpulos seus capangas digitais para agredir a política e Rodrigo Maia. E tudo isso para não cumprir os necessários gastos a favor da vida, pagar a renda mínima e garantir os empregos. N vamos aceitar este ataque à Democracia. Espero que nenhum partido no Congresso vacile em reagir contra estas ações criminosas. Solidariedade ao presidente da Câmara! Vamos defender a vida e a democracia!”
Erika Kokay, deputada federal (PT-DF): “O que estamos esperando para arrancar o genocida do Palácio do Planalto? Algumas dezenas ou centenas de milhares de mortos? Não é mais uma questão política, mas de vida, de saúde pública!.”
Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados (DEM-RJ): “O mundo inteiro está unido contra o coronavírus. No Brasil, temos de lutar contra o corona e o vírus do autoritarismo. É mais trabalhoso, mas venceremos. Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição.”
João Doria, governador de São Paulo (PSDB): “Lamentável que o presidente da república apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5. Repudio também os ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia.”
Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP): “Enquanto enfrentamos a pior crise da nossa geração, com a capacidade do nosso sistema de Saúde comprometida, c/ pessoas morrendo e os casos aumentando, Bolsonaro vai às ruas, além de aglomerar pessoas, atacar as instituições democráticas. É patético! As pessoas que estão em atos pelo país pedindo intervenção militar devem ser punidas pela justiça, no rigor da lei! Assim como Bolsonaro, que não preside, está a serviço da divisão do país, do caos e da MORTE!”
Lula: “A mesma Constituição que permite que um presidente seja eleito democraticamente tem mecanismos para impedir que ele conduza o país ao esfacelamento da democracia e a um genocídio da população.”
Dilma Rousseff: “Devemos nos unir contra esta ameaça de implantar o caos.”
Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): “O presidente da república atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE!”
Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal: “Tempos estranhos! Não há espaço para retrocesso. Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior. Saudosistas inoportunos. As instituições estão funcionando.”
Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal: “É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia”. “Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King). Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso.”
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal: A crise do coronavírus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática. #DitaduraNuncaMais.