Em 2024, super-ricos brasileiros ganharam 37,7%, mais que o aumento da riqueza dos bilionários dos EUA
O banco suíço UBS divulgou nesta quinta-feira o 10º relatório UBS Billionaire Ambitions, que rastreia a riqueza de mais de 2,5 mil bilionários nas Américas, Emea (Europa, Oriente Médio e África) e Apac (Ásia Pacífico).
Entre 2015 e 2024, a riqueza total dos bilionários aumentou 121% globalmente, de US$ 6,3 trilhões para US$ 14 trilhões, mais do que a valorização dos mercados acionários: o MSCI AC World Index de ações globais, por exemplo, subiu 73%. Durante esses 10 anos, o número de bilionários aumentou de 1.757 para 2.682. O pico foi atingido em 2021 com 2.686 bilionários. Desde então, permaneceu estável.
De 2015 a 2020, a riqueza dos bilionários cresceu globalmente a uma taxa anual de 10%. Desde 2020, o crescimento estagnou em 1%. Mas esse número mascara a expansão contínua nos EUA, Emea e partes da Ásia, principalmente na Índia.
A riqueza dos bilionários dos EUA aumentou 27,6% em 2024, para US$ 5,8 trilhões, respondendo por mais de 40% da riqueza dos super-ricos em todo o mundo. O número de bilionários dos EUA aumentou 11,2%, para 835. Houve 101 novos bilionários nos EUA, enquanto 20 indivíduos viram sua riqueza cair abaixo de US$ 1 bilhão.
A performance dos EUA foi ofuscada pelos bilionários no Brasil, com a riqueza dos brasileiros crescendo 37,7% em 2024. Os 19 novos bilionários elevaram o total de super-ricos brasileiros para 60, e a riqueza aumentou para US$ 154,9 bilhões.
Na região das Américas, o número de bilionários cresceu de 867 para 973, e sua riqueza aumentou 26,9% para US$ 6,5 trilhões.
Os novos bilionários do ano foram principalmente self-made. As pessoas se tornando bilionárias pela primeira vez somaram 268, com 60% delas empreendedoras.
Embora diferenças regionais tenham surgido nos últimos 10 anos, os empreendedores de tecnologia têm desempenhado um papel cada vez maior em toda a economia global. Isso resultou no crescimento mais rápido da riqueza dos bilionários da tecnologia do que de qualquer setor, triplicando de US$ 788,9 bilhões em 2015 para US$ 2,4 trilhões em 2024.
Os bilionários industriais aumentaram sua riqueza de US$ 480,4 bilhões para US$ 1,3 trilhão. O setor que está ficando para trás de todos os outros é o imobiliário. Bilionários do mercado imobiliário tiveram desempenho alinhado com o restante até 2017, mas ficaram para trás desde então, possivelmente devido a uma combinação da correção imobiliária da China, a agitação induzida pela Covid-19 em partes do mercado imobiliário comercial e maiores taxas de juros nos EUA e na Europa.
Ouro e dinheiro
Os investimentos dos bilionários parecem estar mudando em um momento em que as taxas de juros iniciam um ciclo de queda nos EUA e na Europa. Nos próximos 12 meses, 43% dos super-ricos pretendem aumentar sua exposição ao mercado imobiliário, e 42%, às ações de mercados desenvolvidos.
Ao mesmo tempo, porém, eles estão aumentando os investimentos em portos seguros. A pesquisa descobriu que 40% pretendem aumentar as exposições em ouro/metais preciosos ao longo de 12 meses, e 31% darão preferência ao dinheiro. “Isso pode refletir temores de maior risco geopolítico e avaliações do mercado de ações”, pondera o UBS.
“Por 10 anos, o relatório vem registrando o crescimento e o investimento de grande riqueza, bem como como ela está sendo preservada para as gerações futuras e usada para ter um efeito positivo na sociedade”, acredita Benjamin Cavalli, chefe de clientes estratégicos da UBS Global Wealth Management. “Esta edição de aniversário analisa as descobertas do relatório dos últimos 10 anos para identificar os principais desenvolvimentos na riqueza bilionária.”
Ascensão e estabilização dos bilionários chineses
Durante esses 10 anos, o impacto do dinamismo e da consolidação dos bilionários chineses ficou claro. A riqueza dos bilionários chineses mais que dobrou de 2015 a 2020, subindo de US$ 887,3 bilhões para US$ 2,1 trilhões. Desde então, caiu para US$ 1,8 trilhão. Mesmo assim, o número geral de bilionários permanece estável.
Por outro lado, a riqueza dos bilionários norte-americanos continuou a se acumular. De 2015 a 2020, a riqueza dos bilionários norte-americanos aumentou de US$ 2,5 trilhões para US$ 3,8 trilhões. E de 2020 a 2024, aumentou 58,5% para US$ 6,1 trilhões, liderada por bilionários industriais e de tecnologia.
Na Europa Ocidental, a acumulação de riqueza desacelerou ligeiramente desde 2020 em um cenário de taxas de juros mais altas. Aumentou de US$ 1,5 trilhão para US$ 2,1 trilhões de 2015 a 2020, antes de aumentar para US$ 2,7 trilhões até 2024, liderada por bilionários de tecnologia em áreas que vão de software a mensagens e streaming de música.