Conflito completou mil dias e se intensificou nesta semana
O Ministério da Defesa da Rússia informou, nesta quinta-feira (21/11), que seus sistemas de defesa aérea interceptaram dois mísseis de cruzeiro Storm Shadow, fabricados no Reino Unido, disparados do território ucraniano.
O ataque ocorreu após o governo dos Estados Unidos, na última terça-feira (19/11), ter autorizado a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance, como o Storm Shadow e o ATACMS, contra o território russo.
A permissão foi concedida após uma escalada nas hostilidades entre os dois países, gerando reações acaloradas de Moscou, que acusa Washington de intensificar o conflito.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, classificou a decisão norte-americana como “irresponsável” e afirmou que ela representa uma nova fase da escalada militar.
Segundo ele, o governo dos Estados Unidos está usando a Ucrânia como um “instrumento” em sua guerra contra a Rússia e continuará “adicionando combustível ao fogo do conflito”.
A Rússia também informou, em seu relatório, que derrubou seis mísseis HIMARS norte-americanos e 67 drones durante o mesmo período.
Mudança de postura da OTAN
A decisão de liberar o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia é um passo significativo na estratégia de apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) à Ucrânia, que, desde o início do conflito, tem fornecido armas, treinamento e apoio financeiro ao país.
Essa mudança na postura dos Estados Unidos, relatada pelo portal g1 e pela Telesur, ocorre em um momento crucial, no qual os aliados da OTAN veem a necessidade de aumentar a capacidade militar ucraniana.
A Rússia, por sua vez, respondeu com ameaças de represália: Sergei Naryshkin, chefe da inteligência russa, afirmou, na última quarta-feira (20/11), que qualquer apoio da OTAN a ataques com mísseis de longo alcance contra o território russo não ficará impune.
Em entrevista à revista National Defence, Naryshkin alertou que as recentes mudanças na doutrina nuclear de seu país tornam “impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”.
Ele também disse que os aliados da OTAN devem ter “cuidado para evitar um conflito militar direto” com a Rússia, o que poderia ter “consequências catastróficas”, segundo a CNN.
Relação entre OTAN e Rússia
Conforme reportado pelo g1, a decisão dos Estados Unidos de liberar o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia representa uma mudança significativa na postura norte-americana, que até então havia hesitado em fornecer tais armamentos devido ao risco de uma maior escalada.
Em um contexto de crescente apoio da OTAN à Ucrânia, a França, por exemplo, reforçou seus pacotes financeiros e, em algumas declarações, chegou a considerar o envio de tropas para a região.
A Rússia, por sua vez, tem se preparado para retaliações, e Putin já afirmou em diversas ocasiões que o envio de armamentos ocidentais em solo russo pode justificar a utilização de armas nucleares.
O Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, porém, afirmou que não vê motivo para ajustar sua postura nuclear.