Na noite de domingo Bolsonaro estava surpreendentemente apaziguador ao falar em entrevista coletiva em Brasília sobre os resultados do primeiro turno, só se referiu a Lula, de modo respeitoso, como competidor ou concorrente, e procurou ser simpático e paciente, o tempo todo, com os jornalistas, mesmo as mulheres.
Foi, porém, agressivo em relação às pesquisas, que tinham, todas, errado, e errado muito, ao prever para ele apenas 35% dos votos suando já estava com 43%. Era o arqueixoso de um derrotado, embora tivesse todas as razões para festejar tanto os resultados que lhe garantiam a realização do segundo turno contra Lula quanto a eleição de grandes bancadas de direita para o Congresso, e a reeleição no primeiro turno de governadores como Zema, Ratinho Jr., Cláudio Castro e Caiado em Estados da importância de Minas, Paraná, Rio e Goiás.
No fundo Bolsonaro – querendo ser sempre o primeiro, o ganhador, como o guru Donald Trump – não perdoava ter ficado em segundo lugar no primeiro turno enquanto Lula ficava em primeiro, com mais de 5 milhões de votos de vantagem, e o candidato bolsonarista a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também ficava em primeiro lugar e passava para o segundo turno com 47% dos votos, contra 35 de Fernando Haddad.
Ciúmes não só de Lula, mas até de um parceiro como Tarcisio. Ainda no fim da noite, Bolsonaro cedeu a seus impulsos mais viscerais e atacou as senadoras Simone Tebet, chamando-a de “estepe” sabe-se lá porquê, e Soraya Thronicke, chamada de trambique talvez por causa da rima. Dessas duas competidoras no primeiro turno ele não poderia esperar que o apoiassem no segundo (e Simone já deixara claro que tinha lado e não se acovardaria diante dele), mas pelo menos podia deixá-las em paz, em vez de mantê-las sob as luzes da TV e em contraste com o tratamento bem comportado que dera a Lula.
De madrugada, talvez excitado por essa agressão a duas mulheres, Bolsonaro foi às redes sociais para manifestar confiança na vitória em segundo turno: – Nunca perdi uma eleição – disse ele. – Não será esta que vou perder. Horas depois, na manhã de segunda feira, seu filho 03, o deputado Eduardo Bolsonaro – reeleito com metade do milhão e tanto de votos que teve em 2018 – começou a coletar assinaturas para uma CPI que investigue os institutos de pesquisas, enquanto o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, anunciava um projeto de lei para tornar crime a ocorrência de erros nas pesquisas eleitorais. Desde os primeiros resultados da apuração, com Bolsonaro na frente, perguntava-se onde e como as pesquisas tinham errado tanto, mas a investigação que se pedia não era punitiva, como a de uma CPI, e sim explicativa.
Explicativa de seus métodos e também do que de fato acontecera. Em 2018, depois da grande diferença verificada entre a votação de Bolsonaro e a de Fernando Haddad no primeiro turno, o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra, descobriu o momento em que disparos em massa de internet tinham atingido Haddad com a onda do kit gay e da mamadeira erótica. Agora em 2022 terá acontecido alguma coisa do gênero?
Desta vez o Vox Populi e Marcos Coimbra não fizeram pesquisas para divulgação pública e ao que parece só trabalharam para a coligação liderada por Lula. Talvez tenham elementos suficientes para investigar se, em substituição à mamadeira e ao kit gay, o bolsonarismo na internet, recorreu a outras fakenews, como a de que um governo Lula perseguiria e fecharia igrejas.
O Brasil é grande demais e tem recursos naturais de tal ordem, como o Pré-Sal, que seu governo não pode, na visão dos grandes interesses econômicos do mundo, ser entregue ao governo de um Presidente como Lula, que com certeza reverterá à demolição da Petrobrás e a reconstruirá em benefício de todos os brasileiros. Uma eleição presidencial no Brasil com um candidato favorito como Lula, não pode deixar de ser objeto da preocupação e da ação desses interesses.
Desde logo, portanto, uma pergunta se impõe: qual terá sido neste primeiro turno a atuação de Steve Bannon, o cérebro da Internacional do Dólar, para impedir que o Brasil retome o controle de seu destino?
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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