O Sinpro – sindicato que representa os profissionais de ensino do Distrito Federal – rechaça a pretensão do governador Ibaneis Rocha (MDB) de reabrir a rede pública de ensino, a começar pelas escolas militarizadas (a chamada “gestão compartilhada”).
Em nota, o Sinpro explica os perigos que a iniciativa representa para propagação do novo coronavírus (COVID-19) e convoca a população para se posicionar contra a medida irresponsável e genocida, amplamente divulgada depois que Ibaneis se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro.
Confira a íntegra da nota do Sinpro:
Sinpro-DF convoca população a impedir a abertura de escolas em plena pandemia
Após reunião com o Presidente da República, o governador do DF anunciou a pretensão de reiniciar o ano letivo pelas escolas militarizadas já nesta segunda-feira (27)
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) convoca a população da cidade a rejeitar, com veemência, a pretensão do governador Ibaneis Rocha (MDB) de reabrir a rede pública de ensino, a começar pelas escolas militarizadas (a chamada “gestão compartilhada”), na segunda-feira (27), em pleno auge da pandemia do novo coronavírus na capital do País.
Informamos que a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os institutos de pesquisa e medicina do País e do mundo têm avisado, insistentemente, que o pico de contágio, de manifestação da doença e de mortes no Brasil e no DF será nos meses de maio e junho e que este é o principal período em que a cidade deve fortalecer o isolamento social. Exigir que a rede pública de ensino reinicie o ano letivo neste momento é um crime doloso contra a população.
Que insanidade é esta de levar milhares de pessoas a se contaminarem com um vírus mortal, que não tem cura e nem tratamento, numa pretensão que reflete um alinhamento descabido com o governo de um presidente sádico e descompromissado com os direitos humanos?
Conclamamos o povo do DF a reagir com energia a esta perversidade. Retomar as aulas às vésperas do pico da pandemia é ceder à necropolítica do Palácio do Planalto e disseminar o novo coronavírus entre milhares de pessoas das camadas mais necessitadas e desprotegidas da população do DF.
Reativar as escolas da rede pública neste momento é uma covardia e uma perversidade inominável com estudantes, professores e suas famílias. Todos os países que já passaram pelo pico da pandemia ainda não reabriram o setor da educação. O governo Ibaneis é o único que poderá fazer isso a mando do Presidente da República. Pior: com salas de aulas lotadas e sem nenhuma condição de manter as pessoas afastadas e protegidas da contaminação, esse passo em falso, se for dado, irá expor mais de meio milhão de pessoas da comunidade escolar à mortandade provocada pela pandemia.
Informamos também que os poucos países europeus que anunciaram o retorno da educação já passaram pelo pico da pandemia e, ainda assim, agendaram esse recomeço para o fim de maio, com turmas reduzidas a menos da metade de seus estudantes e com horários diferenciados. Na maioria dos países onde a pandemia já teve seu pico, a educação só voltará a funcionar a partir de setembro.
É responsabilidade de todos os brasilienses combater o rumo genocida que o Governo do Distrito Federal (GDF) poderá traçar para a cidade nos próximos dias. Conclamamos a sociedade a impedir que dezenas de milhares de pessoas sejam atiradas à própria sorte, arriscando-se a contrair uma doença sem cura, mortal e altamente contagiosa.