O Brasil retornou ao mapa da fome. O número de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave subiu 43,7% entre 2013 e 2018, atingindo 10,3 milhões de pessoas no meio urbano. Nas zonas rurais a situação é ainda mais preocupante, atingindo 7,1%, contra 4,1% no meio urbano, de acordo com dados do IBGE, divulgados em setembro.
Já o desemprego atingiu o maior patamar da série histórica na última semana de agosto. A taxa de desocupação de 14,3%, corresponde a 13,7 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, também divulgada pelo IBGE.
Nesse contexto, as Tecnologias Sociais (TS) são alternativas para barrar a crescente desigualdade social que penaliza milhões de pessoas no campo e na cidade.
São novos processos de gestão, produtos mais aderentes e acessíveis ou equipamentos mais simples, baratos e eficazes. A Rede de Tecnologia Social (RTS), criada em 2004, conceitua as TS como produtos, técnicas e metodologias, reaplicáveis, desenvolvidos em interação com as comunidades e que representem efetivas soluções de transformação social.
Um exemplo de TS transformadora é a cisterna de placas, transformada em política pública que, de 2003 até hoje, garantiu a construção de mais 1,3 mi de unidades de cisternas para a captação de água da chuva no semiárido brasileiro.
O exemplo mostra que as TS são uma solução muito próxima do Brasil. Em um país tão grande e diverso, em que as diferenças entre os grandes centros urbanos e as demais regiões são gritantes, elas possuem condições para mudar a vida das pessoas.
O acesso democrático ao conhecimento aliado ao desenvolvimento sustentável são condições para que um país possa oferecer à maioria de sua população uma vida mais digna. E as Tecnologias Sociais oferecem essa possibilidade.
A evolução e a legitimação das TS estão vinculadas à busca de soluções para problemas do dia-a-dia, seja na segurança de alimentação, recursos hídricos, trabalho e renda, energia, educação ou meio ambiente, habitação, água, saúde, entre outros.
É papel de cada cidadão propor aos governos, assim como aos agentes financiadores privados, projetos baseados em Tecnologias Sociais. Ou seja, que possam se tornar soluções prioritárias para políticas públicas inclusivas no campo e na cidade.
Perceber isto, no momento político e econômico que o Brasil está vivendo, é fundamental para que os números da fome e do desemprego voltem a diminuir e o bem-viver da população seja a nova realidade.