Vivemos uma época sombria, onde o ódio e a violência são moeda corrente, uma época onde o fascismo emerge, avança e pretende se consolidar.
Em suas “Notas sobre América” [Casa de las Américas, janeiro-março de 2019] Roberto Fernández Retamar augura que vêm “Tempos maus para todos os povos, não só para alguns”. E acrescenta: “Que destino é possível esperar, para um mundo mergulhado de forma crescente na barbárie, daqueles que, enquanto consideram inferiores a etnias que não são a sua e como tais as tratam [assim haviam atuado os nazistas], negam coisas tão óbvias e tão perigosas para todos, inclusive desde logo para os Estados Unidos, como o aquecimento global?”.
Desde esse texto iluminado de nosso imprescindível Roberto, a Casa de las Américas tem estado denunciando o auge do novo fascismo e sua articulação na pretensa “Iberosfera”. Exatamente um ano antes de que Javier Milei se tornasse eleito presidente da Argentina se celebrou no México o que então chamamos, numa declaração de nossa instituição, “Uma cumbre neofascista em Nuestra América”, convocada pela Conferência Política Ação Conservadora, que reuniu, entre outros, a Macri, Katz, Keiko Fujimori e Eduardo Bolsonaro, filho do destronado Jair, na qual esteve presente o própri Milei. A propósito daquela “cumbre de derrotados”, a Casa de las Américas alertou sobre “o alarmante crescimento da extrema direita racista e xenófoba”. Um ano depois, essa mesma direita –em sua versão mais feroz e grotesca- foi eleita para assumir o poder no país irmão. Sofre, deste modo, um golpe muito sensível o projeto de integração de Bolívar e Martí, de Fidel e Chávez e de outros líderes revolucionários nuestroamericanos.
À margem das necessárias análises, apoiamos desde a Casa de las Américas a seguinte declaração que, ainda em nossa cidade, lançam os integrantes do grupo argentino Internacionales Teatro Ensamble, participantes no Festival Internacional de Teatro de La Habana.
Batalhas que virão
Vivemos uma época sombria, onde o ódio e a violência são moeda corrente, uma época onde o fascismo emerge, avança e pretende se consolidar. No dia de ontem as eleições na Argentina lançaram como vencedor a Javier Milei, um claro expoente de ultra direita, um homúnculo desequilibrado que destila ódio, profere insultos e ameaça a todos aqueles que não comungamos com seu ideário e imaginário de país. Isto é uma vergonha, uma verdadeira desgraça que, há quarenta anos de recuperada a democracia, esses negacionistas e representantes da morte cheguem a Casa Rosada.
Não podemos, os homens e as mulheres do teatro, os artistas e intelectuais e trabalhadores da cultura, não podemos as forças progressistas e de esquerda, do campo nacional e popular, fazer o verdadeiramente suficiente para articular uma alternativa que entusiasme, que seja capaz de confrontar e disputar com êxito nesta encruzilhada eleitoral. Também fomos incapazes de chegar a nutrir de ferramentas ao grosso de um eleitorado marginalizado historicamente pela classe dirigente, que entregou seu voto à direita, ou seja, a seus verdugos, desde o cansaço, a ira e a indiferença.
Este momento dramático e vergonhoso tem como outro lado a impossibilidade de exercer a retórica vazia, não podemos nos permitir a perdermos em labirintos discursivos ou em discussões estéreis sobre a linguagem, já que não há tempo a perder: Senhoras e senhores, isto é fascismo, e ao fascismo se o combate.
Ante esta situação, só cabe a unidade e a organização política de todos os setores. Desde o teatro, a cultura e a arte devemos articular com criatividade e de todas as formas possíveis os grupos e as redes da resistência cultural.
Entendemos que esta tragédia não se limita [somente] à República Argentina. Este é um fenômeno em nível mundial. Por isso apelamos a todos e todas, e no melhor espírito internacionalista chamamos a batalhar contra o fascismo. O mesmo fascismo que assume hoje na Argentina, o mesmo que a estas horas está bombardeando hospitais e escolas na Faixa de Gaza, o mesmo que há mais de 60 anos está bloqueando Cuba de maneira criminosa.
Amigos e amigas, recebam desde o teatro nosso abraço fraterno.
Nosso compromisso é continuar trabalhando sem pressa nem pausa, até a vitória sempre!
(*) Por Manuel Santos Iñurrieta y Diego Maroevic
Internacionales Teatro Ensamble, de Buenos Aires, Argentina.
La Habana, 20 de novembro de 2023.
Tradução > Joaquim Lisboa Neto
Biblioteca Campesina, Santa Maria, 11 dezembro 2023.
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Também fomos incapazes de chegar a nutrir de ferramentas ao grosso de um eleitorado marginalizado historicamente pela classe dirigente, que entregou seu voto à direita, ou seja, a seus verdugos
Publicado 20 novembro 2023
(*) Espaço concedido por Joaquim Lisboa Neto a outros artigos de autorias diversas. Joaquim Lisboa Neto é coordenador na Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória, Bahia; ativista político de esquerda, militante em prol da soberania nacional.
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