As ameaças antidemocráticas de Bolsonaro, até agora impunes, se alimentam do apoio militar e do medo que as elites econômicas têm da volta de Lula.
Enquanto os candidatos da “terceira via” continuarem se arrastando pelo chão das pesquisas, Bolsonaro sabe que tem margem de manobra, não digo para dar seu tão sonhado golpe, mas para manter o país tenso e nervoso com suas ameaças de fechar o regime e suspender as eleições democráticas.
Na medida em que são atacados publicamente pelo presidente-fascista, os ministros do STF e do TSE reagem, até com mais vigor, mas suas reações ainda carecem de suficiente representatividade social para preocupar Bolsonaro. O respaldo principal dessas instituições está vindo das manifestações populares pelo impeachment.
Quanto a setores das classes dominantes, inclusive do poderoso mercado financeiro, que de forma crescente vêm se afastando da radicalização fascista de Bolsonaro, acabam de lançar um manifesto repudiando qualquer tentativa de golpe e exigindo o respeito às eleições. Pelo visto querem encaminhar via eleitoral a solução da crise política representada pela barbárie fascista.
Tirando a Revolução de 30, feita pelas elites e sem a participação do povo, todas as grandes contradições da vida nacional são resolvidas por golpes de Estado e por meio de eleições. A revolução popular não encontrou por aqui terreno para acontecer. Talvez por causa do nível de consciência e de organização historicamente rebaixado de nosso povo.
De qualquer maneira as manifestações dos setores mais conscientes de nosso povo, sobretudo da juventude e das mulheres, vieram para ficar. Muito provavelmente devem ser complementadas por explosões de revolta do chamado povão, contra a fome e a carestia.
Como maior liderança popular do país Lula está fazendo muito bem a parte que lhe cabe para articular uma ampla frente antifascista em defesa da vida, do emprego e principalmente visando a reconstrução da Nação brasileira que vem sendo completamente destruída pela horda bolsonarista.
Acho que não está longe o momento das manifestações organizarem uma grande marcha popular antifascista sobre Brasília. Uma ocupação democrática da Praça dos Três Poderes para pressionar a Câmara dos Deputados a votar o impeachment do genocida.
Val Carvalho – escritor e militante de esquerda