A Comissão Europeia foi aprovada ontem pelo Parlamento Europeu, com o menor número de votos a favor de sempre. Von der Leyen abriu a porta à extrema-direita, na medida em que esta é compatível com o seu programa político.
A maioria dos deputados no Parlamento Europeu (370) votaram a favor da nova Comissão Europeia. Ursula Von der Leyen alcançou a menor votação desde Jacques Santer, em 1995, que arrecadou 417 votos. A presidente do novo executivo conseguiu mesmo ver uma redução face à sua última votação, uma vez que em 2019 a primeira Comissão Europeia liderada por Ursula von der Leyen recebeu 461 votos a favor.
Este não é, no entanto, o único elemento a retirar da nova Comissão. A par da redução de votos, a integração de elementos da extrema-direita herdeira da tradição fascista europeia, é também um dos aspectos que marcam as escolhas de Von der Leyen.
A nova Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, é composta por 26 comissários, figuras como Stéphane Séjourné de França, vice-presidente executivo para Indústria; Wopke Hoekstra dos Países Baixos, encarregado do Clima; Apostolos Tzitzikostas da Grécia, com a pasta dos Transportes Sustentáveis; e Dan Jørgensen da Dinamarca, comissário para a Habitação.
Alguma imprensa diz que a presidente da Comissão Europeia procurou alcançar um equilíbrio, integrando comissários «socialistas» e da extrema-direita. A questão é, tal só é alcançável graças a um conjunto de cedências da social-democracia europeia e ao seu capitulacionismo e demissionismo, enquanto que simultaneamente os «valores europeus» são cada vez mais compagináveis com os objetivos reaccionários.
Entre os novos membros da Comissão Europeia estão Teresa Ribera do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE); Maria Luís Albuquerque do Partido Social Democrata (PSD); Raffaele Fitto do partido de extrema-direita Irmãos de Itália, alinhado com o governo de Giorgia Meloni. Ou seja, a extrema-direita europeia que se diz «contra o sistema», à primeira oportunidade integra esse mesmo sistema, na medida em que este traduz a sua visão política de ataque a direitos.
Apesar disto tudo, e de apreciações individuais que pudessem ser feitas, a integração da extrema-direita na nova Comissão Europeia deve ser feita à luz do seu programa político, plasmado nas Orientações Estratégicas 2024-2029 e nas cartas de missão de cada um dos novos comissários.
O que está em causa é, então, um programa que promove o militarismo e a guerra; o neoliberalismo e o federalismo; e ignora os graves problemas económicos e sociais que degradam as condições de vida dos trabalhadores e dos povos. Esta será uma Comissão que quererá seguir o «relatório Draghi» que recomenda intensificar o liberalismo em prol dos grandes grupos económicos e da acumulação de capital.