Várias vozes refletem sobre a validade da obra e do legado do Comandante
Nicolás Maduro, que na altura é o vice-presidente da República, fala na rádio e na televisão nacional. Os acontecimentos dos últimos dias causaram uma tensão eletrizante em todo o país e pelos rostos vistos na tela o cenário não é promissor.
Ele fala atrás de um pódio e rodeado por um grupo de altos funcionários do Governo Bolivariano. Depois de algumas breves palavras introdutórias, que parecem adiar o inevitável, ele respira fundo e anuncia o que muitos temem: “…recebemos a informação mais dura e trágica que poderíamos transmitir ao nosso povo… Às quatro e vinte e Às cinco da tarde de hoje, 5 de março, faleceu o Comandante Presidente Hugo Chávez Frías!”
As ruas de Caracas, constantemente repletas de buzinas e do zumbido das motocicletas e da fumaça dos veículos, são atravessadas por um silêncio profundo e cru e é como se as pessoas se mantivessem fora da vista dos outros. A sensação é tão poderosa que até os seus mais ferrenhos inimigos políticos ficam imobilizados.
El vicepresidente contiene el llanto pero atina con sus palabras, sabe que no se trata solo de un “dolor inmenso”, sino de una “tragedia histórica”, por lo que pide, a la multitudinaria legión que es el chavismo, “canalizar el dolor em paz”.
Tudo o que acontece após o anúncio ainda é história em desenvolvimento.
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Assim, listar tudo o que Hugo Chávez fez como presidente e líder político, ou seja, tudo o que se traduz no seu legado, resultaria numa lista muito longa.
E Chávez tornou-se, acima de tudo, um sentimento para as pessoas que o viveram, dentro e fora das fronteiras do país. A internacionalização da Revolução Bolivariana estendeu a fibra da solidariedade com o povo venezuelano, para além dos tempos.
Na chave do presente
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Já se passaram onze anos, estão contados os anos desde a morte do comandante Hugo Chávez e, como costuma dizer Antonio, sapateiro de Petare, “sempre falamos dele no presente”.
Por outro lado, Matilde Sosa, jornalista argentina que veio à Venezuela para fazer uma reportagem e ficou de 2004 a 2009, traduz isso como um sentimento. Fez parte da pequena equipa do Ministério do Poder Popular para a Comunicação e Informação que, semana a semana, recolhia e processava todos os números de missões, planos e projectos que o Comandante mostrava no programa Aló Presidente .
“Eu, sendo argentino, trabalhei para o Comandante e digo isso com orgulho! E, por causa dessas coisas da vida, Yuri Pimentel e depois William Lara me acolheram no recém-criado Ministério do Poder Popular para Comunicação e Informação. Seguindo Chávez descobri a profunda Venezuela que o amava. Em cada cidade que ele visitou com seu Aló Presidente , pude estar cara a cara, ser mais um e conhecer como era Chávez. Então, como não amá-lo! Se ele mesmo foi, acima de tudo, mais um, isto é, Chávez foi, acima de tudo, um povo”.
Validade
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Embora Chávez esteja fisicamente ausente, o acadêmico mexicano Fernando Buen Abab avalia que “é uma ausência que se compõe de muitas presenças. Não só pela memória emocional e pessoal de alguns de nós que tivemos muita sorte em conhecê-lo e ter algum nível de amizade com ele, mas também pela outra presença, que é a sua validade.”
Para o especialista em Filosofia da Comunicação, Chávez é uma presença “e uma realidade na palavra do povo, que o repete, que o assimilou como um líder que conseguiu fazer-se carne no seu povo”.
Fernando Buen Abad diz ainda que o líder bolivariano demonstrou ter uma enorme “capacidade de atração para levar à prática a reflexão, a sua conduta e as suas orientações no campo das transformações revolucionárias. Sua morte é um modo de vida. Ainda não vejo que mesmo os seus piores inimigos tenham conseguido, no campo da manipulação simbólica, enterrá-lo, no sentido de considerar a sua obra como um objecto decorativo do passado. Chávez está presente e a sua obra é um instrumento de combate, de memória. Para nutrir a ética e a moral da batalha. Lá ele está mais vivo do que nunca, ao lado de muitos homens importantes que levaram a cabo processos revolucionários na América Latina e no mundo”.
O líder
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Beto Almeida é um renomado jornalista e cientista político brasileiro que escreve sobre política e seus artigos são reproduzidos em centenas de sites, jornais e revistas. Ele acredita que, acima de tudo, “Hugo Chávez foi, na realidade, um líder da mais alta qualidade internacional” e que “seu protagonismo em favor da integração latino-americana estava carregado, não só de muita inteligência, mas também de muito originalidade”. iniciativas que procuravam “fazer com que o petróleo se tornasse uma alavanca para a integração”.
Tendo em conta, acrescenta Beto Almeida, que o petróleo é uma necessidade para o desenvolvimento dos países e, ao mesmo tempo, um obstáculo ao desenvolvimento interno, “Hugo Chávez foi absolutamente original, ousado e revolucionário. Ele colocou o petróleo como alavanca para o desenvolvimento regional. Ele demonstrou grande compreensão histórica dos obstáculos para alcançar a unificação da América Latina. Obstáculos para escapar e superar o subdesenvolvimento e a miséria.”
“Hoje quero ressaltar”, diz Almeida, que “Hugo Chávez se destacou, não só pela grandeza e audácia como líder, mas também pela inteligência e coragem para defender um programa histórico de integração, para superar o subdesenvolvimento e alcançar um América Latina livre.” de opressões.”
Poder de atração
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Durante alguns anos, o jornalista colombiano Freddy Muñoz Altamiranda trabalhou como correspondente da Telesur em Bogotá.
Como ele mesmo diz, ser um jornalista com posição rebelde, com militância de esquerda, defensor dos direitos humanos e das políticas ambientais, na Colômbia significa “ser um jornalista fora do sistema”.
Então, diz Freddy Muñóz, “quando Chávez começou a criar meios de comunicação, que se alimentavam do sangue deste tipo de jornalistas em toda a América Latina, significou um ponto de confluência, para aqueles de nós que estávamos separados das políticas da comunicação regional. sistema.”
Desde a criação da Telesur, passando pela promoção da comunicação alternativa e comunitária, a liderança de Hugo Chávez “abriu uma janela que oxigenou a comunicação em toda a região”.
O experiente jornalista e documentarista considera que, comunicacionalmente, existem “dois pontos de ruptura na questão da opinião latino-americana”. A primeira, “o apelo que o Comandante faz aos jornalistas alternativos e a questão do desenvolvimento das redes sociais, que Chávez assumiu de forma inteligente. Isso deu oportunidade à nossa opinião e ao nosso pensamento, em espaços que a direita havia tomado, encurralados. Portanto, marca uma enorme transição na área da comunicação.”
Líder sem fronteiras
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Do Peru, Roger Taboada, um dos líderes da Aliança Nacional de Trabalhadores, Agricultores, Estudantes Universitários, Reservistas e Trabalhadores (Antauro), garante que Hugo Chávez mudou a face do cenário político sul-americano.
“A passagem do Comandante Chávez pela história da América Latina significou a abertura de novos cenários, não só para o nosso povo, mas para o mundo. O seu exemplo de unidade, de luta anti-imperialista e de consequências revolucionárias, será sempre um exemplo para o novo despertar da região.”
Taboada destaca que o Comandante Hugo Chávez apontou um caminho de unidade, “que é o caminho da restauração do pensamento, da ideia continental, tal como sonhou o Libertador Simón Bolívar, e nós, claro, continuamos a hastear essas bandeiras de início deste século.”
De qualquer cidade deste continente sempre chega uma voz de amor e solidariedade para com a Venezuela. Algo que, sem dúvida, o Comandante Chávez forjou com a sua prática de unidade e esperança num país e num mundo melhores.
Talvez por isso, manteve-se consistente até na última mensagem que publicou em sua conta no Twitter (agora X), no dia 18 de fevereiro de 2013, “(…) Até a vitória sempre, viveremos e venceremos! ”
(*) por Ernesto J. Navarro / Ciudad CCS
Acesse: https://ciudadccs.info/publicacion/15439-a-11-anos-del-paso-a-la-inmortalidad-de-hugo-chavez