Clube da Matemática: usando a computação para criar um ambiente em que os jovens se sentissem confortáveis, iniciativa conseguiu mostrar que a matemática é uma linguagem que permite resolver problemas do mundo real
“São aprendizados que vou levar para o resto da vida”, diz o estudante Herbert Henrique Goffredo, 12 anos, sentado em uma das mesas no hall da Biblioteca Achille Bassi, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Naquele breve intervalo na agenda das atividades especialmente preparadas para a visita dos alunos da Escola Estadual Sebastião de Oliveira Rocha, Herbert, que está no sexto ano do ensino fundamental, foi revelando suas descobertas. “Eu não sabia como a matemática funciona, por que deveria fazer certa operação matemática. Quando isso ficou mais claro, eu comecei a me sair melhor na matéria. O que me ajudou bastante foi esse conhecimento do porquê e do para quê estou fazendo algo.”
Herbert foi um dos participantes de um projeto piloto realizado por professores e alunos de graduação dentro da escola estadual: o Clube da Matemática, que promoveu cinco encontros, com 1h30 de duração cada, para 40 estudantes do sexto ao nono ano do ensino fundamental, durante o primeiro semestre de 2023. O encerramento da primeira etapa do projeto foi marcado pela visita ao ICMC no dia 22 de agosto. Em outubro, os encontros serão retomados.
“O nosso papel não é substituir a estrutura de ensino que já existe, mas é agregar. É uma iniciativa extracurricular para trazer certos conceitos matemáticos avançados a um terreno mais elementar, no contexto de crianças e adolescentes, de uma forma que a escola não poderia fornecer”, explica um dos coordenadores do projeto, o professor Guilherme Silva, do ICMC. “A ideia é construir parcerias de longo prazo e gerar vínculos, o que é excelente para aproximar as escolas públicas da Universidade”, acrescenta Guilherme, que organizou as atividades em conjunto com o professor Ali Tahzibi, do ICMC, e com os estudantes de graduação João Pedro Cardoso de Paula e Lael Viana Lima, que cursam Matemática na Unicamp; João Victor Alcântara Pimenta, que faz Física Computacional na USP, em São Carlos; e Luis Guilherme Coelho Bueno, aluno do curso de Matemática Aplicada a Negócios da USP em Ribeirão Preto.
Na opinião do professor, levar os estudantes universitários a passarem pela experiência de desenvolver um projeto na educação básica é também uma janela de oportunidade para novos aprendizados. “Um dos maiores papéis da Universidade é criar e experimentar. A gente tem que experimentar coisas novas, aprender no processo com os erros e acertos.” Por isso, a proposta começou como um projeto piloto, com uma turma de uma escola pública. O desafio, agora, é documentar todo o processo para gerar novos conhecimentos, compartilhá-los e treinar outros estudantes de graduação, de modo que a iniciativa possa ganhar escala e alcançar mais e mais escolas.
Matemática somada à computação
“As novas gerações nasceram e cresceram com o celular na mão, se comunicando via redes sociais e internet, então, por que não fazer matemática com essas ferramentas digitais?”, indaga Guilherme. Foi com essa perspectiva que o professor e os estudantes universitários do projeto propuseram desafios para os adolescentes usando a linguagem de programação Scratch. Criado em 2007 pelo Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o Scratch possui uma interface visual simples que permite aos jovens criarem histórias, jogos e animações digitais.
“A primeira vez que eu mexi com Scratch foi no Clube da Matemática”, revelou a aluna Lavínia Baldoni Gouvea, 14 anos, que está no nono ano. “Eu não sou uma pessoa que gosta muito de matemática. Aí eu entrei no Clube e fui gostando um pouco mais. A gente foi aprendendo a programar com Scratch, e eu não sabia que na programação existia tanto da matemática. Isso tornou a matemática menos chata”, completou a estudante.
Para a professora de matemática Valéria Cristina Binoto Mendonça, que ministra aulas para os alunos do sexto ao oitavo ano na Escola Estadual Sebastião de Oliveira Rocha, a estratégia de usar o Scratch contribuiu muito com a aprendizagem, aumentando a motivação dos estudantes. “A matemática costuma ser o maior problema dos alunos, alguns têm medo, outros acham que nunca vão aprender. Agora, com a programação, eles estão vendo que é possível.”
No Clube da Matemática, para resolver os problemas propostos usando o Scratch, os estudantes foram estimulados a trabalhar em pequenos grupos, compostos com jovens de diferentes idades. Ao trabalhar em equipe, aprenderam também a compartilhar conhecimentos, ajudando uns aos outros.
Ao usar uma linguagem computacional, criando um ambiente em que os jovens se sentiram confortáveis, o projeto conseguiu mostrar que a matemática é uma linguagem que permite resolver problemas do mundo real de uma maneira sistemática. “Eles passaram pela experiência de resolver um problema de forma exata e de maneira aproximada”, conta Guilherme.
+ Mais
A proposta implementada no clube nasceu durante as Jornadas de Pesquisa em Matemática, que aconteceram de 3 de janeiro a 10 de fevereiro no ICMC, propiciando a oito estudantes de graduação de diversas universidades brasileiras um mergulho aprofundado em uma experiência colaborativa de pesquisa. Divididos em dois times, eles atuaram em dois diferentes projetos, e um deles, que resultou no trabalho Jogos de dados não transitivos, foi a inspiração para as vivências realizadas com os estudantes da escola estadual.
O tamanho do aprendizado se manifesta nas cenas de cada encontro. Na primeira atividade, os jovens formaram grupos e jogaram dados inúmeras vezes para tentar descobrir quais as chances de ganhar quando esses dados não eram idênticos. Ao final do quinto encontro, eles já eram capazes de fazer algo impossível se não houvesse o apoio do computador: calcular as probabilidades de acerto quando os dados eram lançados 10 mil vezes.
Além dessa iniciativa piloto, diversas outras atividades de aproximação entre a Universidade e as escolas públicas da cidade estão sendo realizadas por estudantes do ICMC engajados no projeto Matemática na Medida Certa. Julia Jaccoud e José Andres Guzman Moran, ambos mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Matemática, já estão desenvolvendo atividades com estudantes da Escola Estadual Conde do Pinhal, com o objetivo de despertar mais interesse pela matemática. Ao que tudo indica, esses são apenas os primeiros passos de uma jornada infinita.
*Da Assessoria de Comunicação do ICMC
**Estagiária sob supervisão de Moisés Dorado
SEJA UM AMIGO DO JORNAL BRASIL POPULAR
O Jornal Brasil Popular apresenta fatos e acontecimentos da conjuntura brasileira a partir de uma visão baseada nos princípios éticos humanitários, defende as conquistas populares, a democracia, a justiça social, a soberania, o Estado nacional desenvolvido, proprietário de suas riquezas e distribuição de renda a sua população. Busca divulgar a notícia verdadeira, que fortalece a consciência nacional em torno de um projeto de nação independente e soberana. Você pode nos ajudar aqui:
• Banco do Brasil
Agência: 2901-7
Conta corrente: 41129-9
• BRB
Agência: 105
Conta corrente: 105-031566-6 e pelo
• PIX: 23.147.573.0001-48
Associação do Jornal Brasil Popular – CNPJ 23147573.0001-48
E pode seguir, curtir e compartilhar nossas redes aqui:
https://www.instagram.com/jornalbrasilpopular/
️ https://youtube.com/channel/UCc1mRmPhp-4zKKHEZlgrzMg
https://www.facebook.com/jbrasilpopular/
https://www.brasilpopular.com/
BRASIL POPULAR, um jornal que abraça grandes causas! Do tamanho do Brasil e do nosso povo!
Ajude a propagar as notícias certas => JORNAL BRASIL POPULAR
Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.