D. Pedro assumiu nacionalismo de José Bonifácio, mas soberania foi barrada pelo imperialismo inglês.
José Bonifácio(1763-1838), Patriarca da Independência, um dos principais construtores da nacionalidade, foi o principal assessor político de D. Pedro I(1798-1834), na hora do rompimento dos laços políticos entre Brasil e Portugal; era da cozinha do imperador; seu projeto, com o qual o imperador comungava, era criar a unidade política nacional territorial do Brasil, para disputar poder mundial com a Inglaterra, o maior império colonial, no século 19.
Dom Pedro I, depois da volta de D. João VI para Portugal, em 1821, já iniciara, conforme projeto de Bonifácio, viagens por todo o Brasil para tomar pé do tamanho do território e ter noção exata do seu poderio geoestratégico internacional a partir de visão nacionalista.
A estratégia bonifaciana, assegurada a unidade do território, daria a Pedro I o status de imperador com influência global, algo contrário ao desejo inglês, que trabalhava pela criação do que viria a ser a Doutrina Monroe, criada em 1823, pelos Estados Unidos, estimulada por Londres.
Bonifácio antecipou a ação anglo-saxã, com o Grito às margens do Ipiranga, um anos antes, objetivando fincar os marcos do império brasileiro a partir de sua unidade territorial, para se libertar do imperialismo inglês, do qual a colônia brasileira era econômica e financeiramente dependente.
O Grito da Independência, em 7 de setembro de 1822, elimina o poder colonial português sobre o Brasil, mas econômica e financeiramente, vigorava o predomínio maior do poder inglês, detentor da dívida externa portuguesa que os brasileiros são chamados a quitar.
O capital inglês, ancorado na libra esterlina, impunha-se de forma incontrastável pela força militar marítima.
Os colonizados brasileiros se matavam de trabalhar para Portugal pagar à Inglaterra os juros da dívida extraídos à força das riquezas da colônia roubadas pelos ingleses.
Bonifácio era o maior inimigo dos banqueiros londrinos, que, claro, não queriam a independência política e econômica do Brasil e inviabilizavam industrialização nacional, mediante política protecionista.
Londres seguia Adam Smith: abria os portos do mundo para a Inglaterra, mas fechava os portos ingleses à invasão estrangeira; livre mercado para inglês ver.
As cortes portuguesas, assim que D. João VI regressou, em 1821, deram o golpe no plano nacionalista de Bonifácio para levar, também, dom Pedro I para Portugal, deixando a colônia sem comando político.
Nessa tarefa, o poder português, ameaçado pela independência do Brasil, coordenada por Bonifácio e operada por Pedro I, recebeu apoio dos ingleses, evidentemente.
Afinal, a coroa lusitana, contrária à aliança de Pedro I com os nacionalistas brasileiros, lutava para manter o Brasil Colônia debaixo do seu tacão de ferro.
A aliança cortes portuguesas-poder colonial inglês, em jogo mútuo anti-brasileiro, colonialista, daria o golpe em Pedro I, levando-o para Portugal, em 1831, onde se sagraria como dom Pedro IV.
Esvaziou-se, relativamente, projeto nacionalista bonifaciano; os nacionalistas brasileiros respeitavam e admiravam Bonifácio, mas, ao mesmo tempo, desconfiavam dele, da relação Pedro I-Bonifácio, dada sua ambiguidade intrínseca, capaz de produzir intrigas, conspirações e que tais.
A força nacionalista ganhou dimensão, mas Bonifácio, politicamente, foi alvejado por conta da sua estreita proximidade com Pedro I, que havia cumprido o roteiro bonifaciano que levaria ao grito de Independência ou Morte às margens do Ipiranga.
Bonifácio, antes de ter reconhecido seu valor no Brasil o teve em Portugal pela sua genialidade de geopolítico, que pregava, já depois da Revolução Francesa de 1789, o fortalecimento da coroa portuguesa, defendendo sua transferência para o Brasil; seria saída para ela se livrar do bloqueio continental imposto pelo imperador Napoleão
Bonaparte para tentar derrotar a Inglaterra.
Os portugueses apoiariam a pregação de Bonifácio, que entendia ser essa a saída para Portugal livrar-se não apenas de Napoleão, mas, também, da Inglaterra, então império global, ao qual estavam submetidos não, apenas, o império português, mas, sobretudo, sua colônia brasileira.
A volta de dom Pedro I para Portugal, em 1831, depois da Independência, em 1822, quando abdica do poder para dom Pedro II, então uma criança, será, inicialmente, derrota do plano de Bonifácio.
Com a abdicação, armação portuguesa, para tentar restauração do poder, no Brasil, Bonifácio vê seu poder diminuir no contexto das forças nacionalistas brasileiras, sem a presença do imperador Pedro I, seu grande aliado.
Perderia Bonifácio o que desfrutava sob Pedro I: autonomia total de ação para materializar o Brasil como potência geopolítica global, a fim de rivalizar-se com o poder imperial inglês.
O desgaste político do Patriarca da Independência começa, portanto, com a volta de Pedro I e a ascensão do herdeiro imperial dom Pedro II, ainda uma criança.
Pedro II ficará sob tutela temporária de Bonifácio, mas, politicamente, dominado pelas regências trinas provisória e permanente que governarão até o príncipe herdeiro alcançar maioridade.
A vida de Bonifácio, sob desconfiança dos regentes, não vai ser fácil; no período regencial, a estratégia bonifaciana de preservação da unidade política nacional começará ser bombardeada pelos movimentos separatistas.
O separatismo provincial alimentado pelo poder reacionário remanescente português, contrário à estratégia do Patriarca de unidade territorial imperial nos trópicos, como arma política contra os ingleses, atuou como bloqueio ao nacionalismo inicialmente articulado por Bonifácio e dom Pedro I.
Sem Pedro I, que voltara a Portugal e se via sob pressão dos portugueses para restaurar o império português, no Brasil, a fim de desfazer a Independência, Bonifácio vê minar sua influência política decisiva.
PODER REGENCIAL ESVAZIA BONIFÁCIO
Bonifácio sente esvaziar seu poder no contexto das forças que se acercam do imperador criança Pedro II, pois os próprios nacionalistas brasileiros não o querem por tão perto; receavam por suas relações com Pedro I, agora, como rei de Portugal, instado pelos portugueses a dar passo atrás na conquista da independência brasileira.
O poder regencial, na tarefa de tutelar dom Pedro II, irá exilar Bonifácio em seu próprio país, dadas desconfianças de que seria, facilmente, cooptado por Lisboa.
Uma interpretação equivocada ganhou asas ao conjecturar que Bonifácio continuaria a trabalhar para dom Pedro I; então, isolá-lo no segundo reinado, sob dom Pedro II, era a garantia de domínio de poder pela elite nacionalista, desvinculada dos interesses de Pedro I, transfigurado em Pedro IV, em Portugal.
Historicamente, Bonifácio foi escanteado, mas o seu projeto de unidade nacional territorial, não.
Com dom Pedro II, a elite nacional conservadora manteve a unidade territorial; no entanto, continuou subordinada financeiramente à Inglaterra, vale dizer, não alcançou verdadeira soberania nacional; frustrou-se o projeto bonifaciano de libertação brasileira da escravidão financeira inglesa, graças à elite tupiniquim subordinada à bancocracia de Londres.
Configurou-se um Brasil escravocrata independente de pé quebrado; melhor, semi-independente.
7 de setembro, portanto, faz lembrar Pedro I, assessorado por José Bonifácio, como grande nacionalista golpeado pelos portugueses e ingleses, depois da Independência.
Empenhado na defesa da unidade nacional, Pedro I, monitorado por José Bonifácio, alcançou seu objetivo nacionalista, garantindo vitória geopolítica, que, hoje, coloca Brasil, no cenário da globalização, como potência territorial independente, porém, subordinada, econômica e financeiramente ao capital internacional, antes, inglês, hoje, americano.
O feito nacionalista de José Bonifácio, no plano geopolítico, superou, de longe, o de Bolivar, que embora seja considerado o libertador latino-americano, não alcançou a unidade territorial continental; o subcontinente se fracionou e caiu sob domínio de Tio Sam; é de ressaltar que a unidade territorial brasileira foi alcançada, mas a soberania econômica, não; predomina, ainda, a geopolítica anglo-saxã imperialista expressa na Doutrina Monroe; até quando?
(*) Por César Fonseca é jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio e edita o site Independência Sul Americana
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