No dia 28 de janeiro, a Embaixada de Cuba em Brasília, juntamente com amigos de partidos políticos, sindicatos e do Movimento de Solidariedade, reuniu-se para homenagear nosso Herói Nacional no 172º aniversário de seu nascimento.
Nascido em 1853 em Havana, José Martí foi um destacado poeta, ensaísta e jornalista, mas, acima de tudo, um fervoroso defensor de nossa independência e da integração dos povos latino-americanos.
A figura de José Martí é universal. Seu pensamento, no centro do qual sempre esteve o Homem e a busca da justiça, foi fundamental para a identidade cultural de Cuba e de toda a América Latina. “Com todos e para o bem de todos” resume a essência de sua luta, oposta à desigualdade e à exclusão, como quando afirmou sua lealdade básica aos despossuídos. Em “Versos Simples”, obra que mostra a maioridade definitiva do poeta, ele expressou: “Com os pobres da Terra quero lançar minha sorte, A corrente da serra me agrada mais do que o mar”.
Essa mesma sensibilidade inicial determinaria, em Martí, sua profunda convicção na igualdade dos homens. Em 1895, pouco antes de assumir seu destino, ele escreveu no jornal “Patria”: “O homem não tem direitos especiais porque pertence a uma raça ou outra: chame-se homem e todos os direitos já estão ditos”. E mais tarde: “O homem é mais que branco, mais que mulato, mais que negro. Os cubanos são mais do que brancos, mais do que mulatos, mais do que negros. Nos campos de batalha, morrendo por Cuba, as almas de brancos e negros se ergueram juntas pelo ar”.
Martí encontrará em seus longos caminhos de exílio pela América, outro setor marginalizado e explorado: o índio. A ele também consagrará sua luta e sua lealdade. Entre centenas de textos, ele nos contou, por exemplo: “A inteligência americana é uma pluma indígena. Você não vê como o mesmo golpe que paralisou o índio paralisou a América? E até que o índio seja obrigado a andar, a América não começará a andar bem. ”
Nos últimos anos, o impulso consciente que leva Martí ao fim, sem hesitação, está se movendo. Ele entende que o próximo passo do imperialismo será lançar-se sobre o resto da América e sobre Cuba, e evitar o risco que ele busca para apressar a independência da ilha e estabelecê-la em bases firmes e progressistas. Em 18 de maio, ele escreveu sua carta inacabada a Manuel Mercado, de natureza anti-imperialista. Nesta carta inacabada que começou um dia antes de sua morte, ele derrama as idéias que foram o norte e deram sentido à sua vida. Embora inconclusivo, o pensamento expresso sobre sua visão da Revolução Cubana como um formidável instrumento de libertação de Cuba e da América e de seu caráter anti-imperialista e seu papel pessoal dentro da Revolução é conclusivo. Ele meditou sobre todos esses tópicos e escreveu em 18 de maio, véspera de sua queda em combate, ocorrida em 19 de maio de 1895: “[…]Já corro o risco de dar a vida pelo meu país e pelo meu dever – desde que o compreendo e tenho a coragem de o fazer – de impedir que os Estados Unidos se espalhem pelas Antilhas a tempo da independência de Cuba e caiam com essa força mais nas nossas terras da América. Tudo o que fiz até agora e farei é para isso. No silêncio teve que ser e como se indiretamente, porque há coisas que, para alcançá-las, devem ser escondidas e proclamadas pelo que são, levantariam dificuldades fortes demais para chegar ao fim sobre elas. “
E como “Honra, honra”, hoje fomos à Praça do Buriti, no centro de Brasília, cubanos e brasileiros, para homenagear nosso Herói Nacional. 172 anos depois de seu nascimento, José Martí continua sendo uma fonte de inspiração e uma referência ética e moral. Seu pensamento insiste na importância de lutar pelos direitos de todos os seres humanos, lembrando-nos que somente através da solidariedade e da justiça podemos construir um futuro mais esperançoso. Neste dia, honramos sua memória e renovamos nosso compromisso com os ideais que ele defendeu.
(*) Idalmys Brooks Conselheira da Embaixada de Cuba no Brasil
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