Bolsonaro tem tipos diferentes de apoiadores. Destaco aqui três deles.
Há os que o defendem por serem também racistas, homofóbicos, machistas, autoritários, violentos. São os microfascistas, espalhados como um vírus no cotidiano de muitas famílias país afora.
Há aqueles outros que estão tendo muitas vantagens na política desenvolvida pelo governo federal: como os grileiros de terra, fazendeiros, madeireiros, exploradores de garimpos, ruralistas, banqueiros, empresários. Eles são os beneficiados pelo ultraliberalismo e pela destruição dos direitos sociais.
O terceiro grupo é formado por fanáticos. Eles podem até estar nas outras duas categorias, mas a sua característica específica é que consideram Bolsonaro um “escolhido por Deus”. São pautados pelo fundamentalismo religioso. Por isso, não importa que Bolsonaro defenda os assassinos de Marielle, que propague a tortura, que seja brutal, fascista, desumano e que sua horrível família esteja toda envolvida com ilicitudes. Eles não pensam a realidade como construção histórica, mas como um desígnio divino, que apenas eles conhecem em sua “Verdade”. Para eles as críticas a Bolsonaro nada mais são que provações à sua Fé. Eles acreditam no mito, ainda que ele seja pavoroso e – por que não dizer – demoníaco.
De fato, não há como estabelecer um debate na perspectiva de reflexões e análise crítica com tais grupos. Seu ódio, seus interesses econômicos, sua fé fundamentalista não permite. Bolsonaro resulta da soma de todos esses males. Vem daí a sua tão destrutiva força.
Concordo, portanto, com o que ouvi uma vez. Não temos que nos preocupar em “convencer” quem apoia Bolsonaro dessa forma. Nós temos é que vencer essa disputa.
Para isso, é necessária uma aliança com todos os setores que defendem as regras democráticas e a política como campo de debate em que o conhecimento seja respeitado e que não objetive o extermínio do outro em sua diferença.
Precisamos nos articular. Precisamos criar um campo plural de luta para derrotar o fundamentalismo, o fascismo, o arbítrio, o ódio.
Essa luta precisa ser para já.
Ela começa em nós e não nas altas cúpulas do Poder.