Os coveiros do Cemitério São Francisco de Paula, funcionários da Santa Casa de Pelotas, trabalham sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIS). A denúncia é feita pela presidente do Sindisaúde do município e região, Bianca D’Carla, nesta segunda-feira, 4 de maio.
“Desta vez o questionamento veio dos familiares de pessoas que foram sepultadas neste período da quarentena”, ressalta a presidente. O descaso é grande com estes 20 trabalhadores, aparentemente esquecidos pela administração da Santa Casa. Os profissionais da saúde, passam seus turnos dentro do Cemitério, alojados em um local absolutamente insalubre, sem arejamento adequado e “pasmem, com uma janela que dá acesso direto ao setor de descarte dos enterros”, lamenta Bianca.
Oito meses após a primeira denúncia sobre as condições de trabalho dos coveiros do Cemitério São Francisco de Paula, administrado pela Santa Casa de Pelotas, novas denúncias voltam à pauta. “A situação em que se encontram é um escândalo, principalmente em tempos de Pandemia, acrescenta Bianca. Em seu relato atual, Bianca D´Carla diz sofrer muito “quando percebe que apesar de todo o trabalho feito, incluindo denúncia ao Ministério Público do Trabalho, os funcionários continuam se alimentando e descansando ao lado dos dejetos funerários”.
Esta realidade está comprovada em fotos e vídeos, tanto do ano passado quanto deste momento de aflição de pânico, que vem atingindo o mundo como um todo. Não bastasse um local com cheiro a mofo, sofá seguro por tijolos, uma tv que só liga em um canal, armários, fogão e mesas arranjados, os funcionários do Cemitério ainda enfrentam as moscas. “Sim, as moscas varejeiras que circulam sobre o morro de areia das covas abertas, restos mortais, partes dos caixões, tonéis de resíduos, flores jogadas e muita sucata e lixo, num fedor insuportável para quem passa por ali, imagina para quem convive diariamente com esta situação”, se revolta a presidente.
Ainda para piorar, andando um pouco mais pelo local, foi encontrada uma esteira de praia no caminho (foto abaixo). Onde os funcionários costumam se estirar para pequenos descansos. A esteira estava localizada entre os corredores dos novos jazigos. Este assédio moral é deprimente, acusam os dirigentes sindicais. Por mais que estejam acostumados a viver esta realidade, a dor dos maus tratos está marcada na memória e no olfato, com certeza, declara a diretora sindical. Portanto, diz ela, vamos “botar a boca no trombone de novo, agora com mais força”.
Mesmo com o isolamento social vamos encaminhar a denúncia novamente ao Ministério Público do Trabalho (MPT), ao Comitê da Crise da Câmara Municipal, ao Conselho Municipal de Saúde e mais uma vez a Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEESSERS) que tem sido grande parceira nestes momentos. “Queremos uma solução imediata, sem falsas promessas”, finaliza.
Ao tomar conhecimento da nova denúncia, encaminhada em 2019 para o atual administrador da instituição, que disse claramente que tomaria providências quanto à situação desses funcionários e não fez nada, a presidente do sindicato foi novamente ao local de trabalho dos coveiros. Em seu relato atual, Bianca D´Carla diz sofrer muito “quando percebe que apesar de todo o trabalho feito, incluindo denúncia ao Ministério Público do Trabalho, os funcionários continuam se alimentando e descansando ao lado dos dejetos funerários”. Esta realidade, está comprovada em fotos e vídeos, tanto do ano passado quanto deste momento de aflição de pânico, que vem atingindo o mundo como um todo.
Ajuda dos empresários
Diante de tanta indignação a presidente do Sindisaúde Pelotas, Bianca D´Carla abre um pedido de socorro aos empresários da cidade, para que se unam e reformem ou construam um local adequado para os trabalhadores. Não deve ser tão alto o custo, diz ela, ou a própria Santa Casa pode encaminhar essas melhorias, porque “afinal, os valores cobrados para os enterros e jazigos são bem elevados e devem suprir as reformas necessárias”.
Além disso, os empresários podem ajudar também, garantindo a aquisição dos EPIs para todos os trabalhadores do local e desta forma, evitando a propagação do vírus e a consequente contaminação não apenas dos funcionários como também dos familiares que vão até o Cemitério para se despedirem de seus entes queridos. O risco de contágio nestas condições é elevadíssimo, reforça Bianca D´Carla.