Neste domingo, 17, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez uma previsão drástica de que cerca de 150 mil brasileiros poderão morrer até o final da pandemia. O cálculo do ex-ministro é baseado no número de mortos por dia no país, hoje em torno de 800 casos, e que deve se agravar nas próximas semanas, segundo especialistas.
O neurocientista Miguel Nicolelis, que coordena o Comitê do Nordeste para o combate ao Covid-19, também tem uma opinião pessimista sobre a questão. “O Brasil ainda vai bater muitos recordes nesta pandemia e deve passar por duras provas nos próximos meses, com um aumento vertiginoso do número de casos de Covid-19 e mortes assombrando a sociedade”, previu ele em entrevista ao portal Gaúcha ZH.
Miguel Nicoleli / Foto: Murillo Constantino
Nicolelis também teceu críticas à atuação inócua do presidente Bolsonaro no combate à doença. “É como ir para uma guerra sem um general. A derrota é só uma questão de tempo”, sentenciou o renomado cientista.
Na entrevista, ele aponta que a segunda fase de avanço da doença costuma ser ainda mais crítica. “Em países mais isolados fica mais claro o que é primeira e o que é segunda onda, mas, nas grandes nações, como Brasil, China e Estados Unidos, as coisas são mais incontroláveis – justamente pela maneira como as pessoas se deslocam dentro de seus territórios”, explica.
Miguel Nicolelis defende o isolamento como única medida eficaz para conter a velocidade que o vírus tem de se propagar. Para ele, não há uma resposta correta para quando a pandemia irá passar “porque todas as curvas são ascendentes.”
“Agora é o momento de pensar em aumentar o confinamento. Não tem outro jeito. Estamos caindo para menos de 40% de isolamento, segundo os índices de medição. Isso é insuficiente. Temos de chegar a 65%, no mínimo”, adverte Nicolelis.
Isto é justamente o contrário do que prega o presidente Jair Bolsonaro em sua sanha de priorizar CNPJ´s em detrimento da preservação da vida dos brasileiros e brasileiras expostos cotidianamente à ameaça invisível do Covid-19. Também em vários estados e no Distrito Federal, as autoridades também começam a flexibilizar o isolamento social com a liberação de setores do comércio e de serviços.
O desdém com o qual o governo Bolsonaro trata o combate à pandemia tem gerado fortes críticas ao país na mídia estrangeira, A gota d´água foi a queda do ministro da Saúde, Nelson Teich, que não ficou nem um mês no cargo. A mídia internacional destacou a demissão de Teich com coberturas ao vivo, aumentando o desgaste do governo Bolsonaro.
Na mídia nacional a reação também não foi diferente. Em seu blog, a jornalista Miriam Leitão disse que vários e importantes países passaram a orientar seus diplomatas a reduzir o efetivo de funcionários em suas embaixadas e, mesmo, a retirar pessoal do país.
Pelas previsões de organizações internacionais e de especialistas em pandemias, Jair Bolsonaro se arrisca a carregar um “cemitério nas costas” em seu segundo ano de desgoverno, para o desagrado de Regina Duarte.