Como diria Belchior: “Era um cidadão comum, como esses que se vê na rua”. Nos deixou na manhã desta segunda-feira, 18/08. Se dedicava a todas as tarefas que a vida o incumbiu, com humildade. Foi assim que muitos jovens militantes de esquerda o conheceram, ouvindo falar de sonhos, mudanças e recebendo das suas mãos o Jornal A Classe Operária e a revista Princípios, importantes instrumentos de divulgação das ideias do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), quando se dedicava em determinado período a cuidar da biblioteca dos comunistas.
O espírito aventureiro, que trouxe de berço, o levou a ter uma grande atração pela fotografia. Mas a paixão pela pesca artesanal, herdada da ancestralidade no litoral maranhense, aguçou também a sua sensibilidade e o fez olhar e entender através das lentes e da sua sabedoria popular que o meio-ambiente precisava entrar na pauta dos debates da produção, da conservação e da distribuição de renda. A sua origem humilde trazia na pele negra a consciência de que valia a pena lutar contra o dogma da exploração do homem pelo homem, fazendo com que o movimento negro e social ganhasse um modesto estudioso e pesquisador que vinha desempenhando importante papel na Secretaria Estadual de Igualdade Racial (SEIR)
Ao encerrar a sua trajetória terrena nos fez ver que por aqui nunca quis ser dono de nada e de ninguém. Compartilhava tudo, inclusive os sonhos. Partiu nos deixando saudosos da sua companhia. Com certeza descansará em paz sabendo que seus camaradas e amigos continuarão na luta, acreditando que movimentos sociais e partidos políticos não se tornam grandes quando elegem políticos e conquistam mandatos de vereador, prefeito, deputados e até mesmo governador. Essas entidades se tornam grandes quando se enriquecem com corações, mentes, admiração, dedicação e o respeito de mulheres e homens como Marinelton Santos Cruz.