Numa manobra que envolveu o presidente Rodrigo Maia e o Centrão, a Câmara dos Deputados – em sessão do Congresso Nacional, realizada nesta quinta-feira (20) – manteve o veto do presidente Jair Bolsonaro e proibiu reajustes e progressão funcional até 31 de dezembro de 2021 para categorias de servidores públicos que atuam na linha de frente no combate ao coronavírus, como os das áreas de saúde, segurança pública, limpeza urbana e serviços funerários.
Ontem, os senadores votaram pela rejeição do veto do presidente Jair Bolsonaro por 42 votos a 30. No entanto, um veto só é derrubado se houver maioria absoluta em ambas as Casas. Na Câmara, foram 165 votos contra o veto e 316 a favor.
Ficam de fora da restrição os aumentos aprovados antes do estado de calamidade pública, como o concedido aos militares das Forças Armadas pela Lei 13.954/19.
Toma lá dá cá
A suspensão de reajustes até 2021 foi exigida por Bolsonaro na tramitação do Projeto de Lei Complementar 39/20, num toma lá dá cá em troca do socorro financeiro de R$ 125 bilhões aos estados e municípios em razão da pandemia de Covid-19. Desse total, R$ 60 bilhões são em dinheiro novo e o restante na forma de adiamento de dívidas com a União.
Ao aprovar o pacote de ajuda a estados e municípios, disciplinado na Lei Complementar 173/20, o Congresso inicialmente autorizou governos locais a reajustar salários de funcionários da saúde e da segurança pública que trabalham na linha de frente do enfrentamento à Covid-19. Esse dispositivo foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro, que conseguiu levar Rodrigo Maia a fazer uma calorosa defesa do veto de Bolsonaro, mudando de ideia com relação à aprovação do projeto há poucos dias.
O trecho vetado também liberava a possibilidade de reajustes para algumas categorias de outras áreas, como profissionais de assistência social e de educação pública, desde que estejam diretamente envolvidos no combate à pandemia.
O dispositivo vetado diz que fica proibido o uso dos recursos transferidos pela União na lei de socorro aos estados e municípios “para concessão de aumento de remuneração de pessoal”.
Momento em que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defendeu o veto de Bolsonaro contra os servidores
Foto de Najara Araújo/Câmara dos Deputados
Com informações da Agência Câmara