Há religiosos sérios – evangélicos e católicos – mas atualmente muitos dos que se passam por líderes e amealham milhões de seguidores e seguidoras e, na sequência muito dinheiro e imensas fortunas e poder, usam de forma vergonhosa e torpe o nome de Deus e, na realidade, o que praticam, pra nossa decepção e desamparo, é uma antirreligião.
Qualquer prática ou fenômeno social – e a religião é uma delas – não está livre de adeptos ou lideranças com desvio de caráter e aproveitadores de ocasião que se valem da boa-fé ou dor dos outros para tirar proveito em benefício próprio. Especialmente a religião, envolvendo sentimentos, e muitas vezes, dor e desespero diante de uma situação, leva à busca de um ente superior que possa responder às injustiças “deste vale de lágrimas”.
Na Idade Média, Santa Teresa D’Avila, freira carmelita, conhecida como reformadora da Igreja Católica, enfrentou e lutou bravamente contra a degradação moral e religiosa em que tinha caído a sua religião naquele momento. E junto com São João da Cruz, usando os recursos de que dispunha – ascese, orações, palavras, atitudes, medidas rigorosas quanto a certas práticas dentro do seu próprio convento – conseguiu, segundo a história, mobilizar “a parte sã” da igreja que ainda existia e assim tirar a sua igreja do atoleiro em que se encontrava, deixando um exemplo que atravessou os séculos.
Olhar de frente para as crises, desvios e “pecados” de nossas crenças e de seus pastores ou pastoras, católicos ou evangélicos – sem deixar de acreditar em Deus – pode ser um ato de coragem que esses tempos tão estranhos, sombrios e anticristãos estão exigindo de todos os crentes. E Deus, em sua infinita sabedoria, refirmada pela história das religiões e por outros fatos, vai receber e compreender, na infinita generosidade do seu amor, esse ato de coragem e sabedoria de seus filhos e filhas pela verdadeira busca da verdade – não aquela de que tanto se tem falado de forma falsa e leviana.