Os campos altos de Viana, região dos tesos, são formados por dois ecossistemas que devem ser protegidos ambientalmente. O ecossistema de água doce e ecossistema de água salgada do mar.
Através dos ciclos das marés, o mar está invadindo quilômetros de campos de água doce, salinizando e destruindo a vegetação e o habitat de diversas espécies de aves, peixes e outros animais e até as moradias das famílias como aconteceu no povoado de Coivaras tragado pelas marés.
O ecossistema de água salgada formado pelos manguezais, abriga um berçário de vida, devendo ser intocável e preservado. Aí encontramos o habitat de caranguejos, siris, camarão, diversas espécies de peixes, aves migratórias que fazem ali a sua reprodução, abelhas silvestres e, milagrosamente, a florada do mangue branco onde abelhas nativas buscam o néctar das flores para produção de mel em suas colmeias, uma verdadeira riqueza. Calcula -se atualmente uma produção de cem toneladas de mel por safra.
Para recuperar quilômetros de campos salinizados temos que buscar o equilíbrio entre os dois ecossistemas identificando as intervenções necessárias para promover tal equilíbrio.
Conhecedor desses campos desde a minha adolescência, considero indispensável a construção de diques de proteção e de barragens nas interfaces, iniciando-se logo abaixo de Coivaras, fechando um profundo fosso aberto pelo mar, por onde as marés penetram salinizando os campos de água doce.
Fechado esse fosso, as barragens devem partir desse dique com quilômetros de extensão, sempre construídas na interface entre os dois ecossistemas, promovendo-se assim o equilíbrio almejado.
Assim poderemos pensar num projeto para promover em nossos campos um verdadeiro celeiro de produção de alimentos, explorando equilibradamente os dois ecossistemas e melhorando significativamente a renda de todas as famílias que habitam nestes campos.
Viana, setembro de 2020
Chico Gomes – Francisco de Assis Castro Gomes – é ex-deputado estadual e ex-prefeito de Viana (MA)