Parece algo impensável! Algum “hacker” penetrou nas entranhas do segundo tribunal mais importante do País e simplesmente apropriou-se de todo o seu conteúdo de informações!
Seria impensável se já não fosse para esperar.
Basta lembrar que outro “hacker” (ou grupo de “hackers”) colocou à disposição da imprensa inúmeras horas de conversas sigilosas entre procuradores responsáveis pelo que chamaram Operação Lava Jato e o juiz que assumiu o processo.
Conversas absolutamente impróprias, escancarando o caráter vicioso de um processo rumoroso em que, entre outros políticos e empresários de peso, envolvia-se ninguém menos que um ex-presidente da República.
O vazamento mostrou em minúcias que o processo foi montado com o intuito incontestável de condenar o ex-presidente Lula e, mais, fazê-lo de modo a que não pudesse concorrer na última eleição.
Seria inaceitável o vazamento de qualquer processo a que autoridade judicial tivesse imposto a chancela de sigiloso, ainda que envolvendo interesses de cidadãos comuns. Imagine-se o que tem como réus aquelas dezenas de importantes políticos e empresários. Ainda mais se era possível flagrar objetivos indefensáveis de autoridades judiciais, voltados todos para forjar culpa e condenar um ex-presidente que deixou o cargo com 87% de popularidade.
Até denota ingenuidade que essas autoridades não tivessem tratado de proteger adequadamente os sistemas que utilizavam. Felizmente, eu até diria, ou não saberíamos da injustiça com que se haviam comprometido e efetivamente levaram a cabo.
Mas o que quero aqui evidenciar está a quilômetros desse processo e em espaço absolutamente distinto da administração pública.
Tive a oportunidade e responsabilidade de dirigir um dos órgãos federais mais importantes nos dois primeiros governos do presidente Lula, no primeiro mandato da presidenta Dilma e no primeiro ano do segundo.
A importância desse órgão, a Imprensa Nacional, é singular.
Por ali transitam os mais importantes atos de governos: leis, decretos, portarias, resoluções, entre vários outros. Já assinados pelas mais variadas autoridades dos três poderes, inclusive dirigentes de estatais, ministros e presidente da República.
O detalhe é que tais atos estavam assinados, mas não publicados. Era justamente a publicação pela Imprensa Nacional, no Diário Oficial da União, que lhe daria validade.
Pois lidamos com inúmeras e enormes dificuldades na administração do órgão, especialmente com relação à disponibilidade de recursos, em especial os financeiros.
O que a sociedade deve aos servidores desse órgão é que, ao menos em quase 13 anos em que estive na sua direção, jamais se registrou um só ataque bem sucedido aos seus sistemas de informação.
Que se registre então a minha gratidão à equipe que me assessorou em cada um daqueles dias e a cada servidora e a cada servidor da Imprensa Nacional.