Sistema de saúde de Porto Alegre e Região Metropolitana entrou em colapso com mais de 1o0% das UTI ocupadas. Governo esconde números e pessoas com Covid-19 estão morrendo na fila sem assistência médica. “Se não forem tomadas medidas imediatas não há como organizar o sistema de saúde”, analisa o epidemiologista
Armando De Negri, coordenador Geral da Rede Brasileira de Cooperação em Emergências (RBCE), afirma, em entrevista exclusiva para o Jornal Brasil Popular, nesta terça-feira (23), que o agravamento da pandemia da Covid-19 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, ultrapassa os 100% das UTI existentes e denuncia a morte de pessoas com Covid-19 na fila de espera. Ele ressalta que o sistema de saúde na capital já está colapsado. A situação vivida, atualmente, nunca foi vista antes e mostra, claramente, que não há disponibilidade de leitos.
“Em primeiro lugar, tecnicamente, qualquer lotação que chegar a 90% já é considerada superlotação. Por isso a gente dá alertas a partir de 85%,neste caso já há uma saturação que começa a não aceitar pacientes”, afirma. Alguns hospitais já trabalhavam, nesta segunda-feira, além de suas capacidades. O Hospital Moinhos de Vento chegou a 115% e, a Santa Casa, a 109%. “Você soma todos os pacientes que estão esperando UTI, no sistema de urgência, tanto para Covid-19 quando para não Covid e ainda tem os pacientes que estão em suporte de ventilador, com respirador, fora das UTI. Essa soma total é maior do que o número de leitos disponíveis”, explica.
Isso significa, segundo o especialista, que o sistema está saturado. Não tendo capacidade de absorção. “Então é incompreensível que continuem falando da possibilidade de colapso no sistema e a partir dessa narrativa autorizar, relativizar ou suavizar medidas que deveriam ser muito severas no controle da circulação de pessoas. Preocupa-me muito porque cada hora que passa, agora não é uma questão de dias, vai aumentando a pressão sobre o sistema de saúde, porque continua havendo potencial de contágio”.
Lockdown é uma decisão difícil, mas necessária. Uma suspensão rigorosa de todas as atividades seria a melhor alternativa para diminuir a circulação de pessoas e por consequência reduzir a pressão no sistema hospitalar porto-alegrense, avalia Armando. “A gente nunca esteve neste nível de espera assim por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”.
A situação, que também é vista no estado e na Região Metropolitana de Porto Alegre, apresenta uma fila de espera de pacientes significativa que “não é publicizada totalmente, o que significa que muitas pessoas estão morrendo sem assistência”, denuncia
Os profissionais de saúde enfrentam junto com o agravamento da pandemia, exaustão e más condições de trabalho, e o aumento do contágio em postos de saúde da capital. Protesto para denunciar a situação, foi realizado nesta segunda-feira, 22 de fevereiro em frente ao Posto de Saúde da Vila Cruzeiro.
Assembleia autoriza governo gaúcho a comprar vacina contra Covid-19Os imunizantes poderão ser adquiridos com uso de recursos próprios pelo Estado, após decisão unânime dos deputados estaduais em sessão virtual, nesta terça-feira, 23 de fevereiro. Isso permite acelerar o processo de compra da vacina sem esperar pelo governo federal.
A proposta foi apresentada pela bancada do PT, e aprovada por unanimidade.“Nós votamos com a consciência de uma bancada de oposição consequente e responsável”, destacou o deputado Edegar Pretto (PT). “Governador, não é se precisar eu vou comprar a vacina. Mais do que nunca nós estamos precisando. Aja com rapidez, governador, Eduardo Leite”.