Presidente nacional CUT, entregou, nas mãos de Arthur Lira (PP-AL), o estudo feito em parceria com o Dieese. O documento revela que, por causa da condução tendenciosa e política da Lava Jato, R$ 172,2 bilhões deixaram de ser investidos na economia e 4,4 milhões de brasileiros ficaram sem emprego. Lira criou o GT tripartite
O estudo realizado pela Central Única dos Trabalhadores Brasil (CUT Brasil) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que denuncia e comprova a destruição que a Operação Lava Jato causou ao emprego e à economia do Brasil foi entregue, na quinta-feira (19), ao deputado federal e presidente da Câmara dos Arthur Lira (PP-AL).
O documento foi entregue durante uma reunião, realizada em Brasília. Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, detalhou o estudo para o parlamentar, que instituiu, no mesmo dia, um Grupo de Trabalho (GT) tripartite, composto por deputados, representantes dos trabalhadores e empresários para elencar, debater e criar instrumentos e regramentos para garantir que a destruição causada pela Lava Jato nunca mais se repita na história do Brasil.
“A reunião foi muito produtiva, uma vitória da CUT e do movimento sindical por conseguir que esse amplo estudo sirva como base para o trabalho do grupo tripartite”, avaliou Nobre. O estudo elaborado pelo Dieese para a CUT, divulgado na terça-feira (16), consumiu um ano de análises, pesquisas e cruzamento de dados oficiais envolvendo 67 setores da economia.
O documento revela que, por causa da condução errada da Lava Jato, R$ 172,2 bilhões deixaram de ser investidos na economia e 4,4 milhões de brasileiros ficaram sem emprego. A construção civil e a cadeia de Petróleo e gás foram os setores mais afetados pelos desmandos da dupla Sérgio Moro/Deltan Dallagnol, o ex-juiz e o procurador que coordenavam a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Sérgio Nobre disse que o presidente da Câmara concordou com o que o estudo da CUT-Dieese aponta e que teria declarado, na reunião, que, “infelizmente, a Lava Jato não teve o cuidado de separar as pessoas das empresas”.
“Desde o início da Lava Jato, deflagrada em 2014, alertamos para o fato de que a operação tinha que se concentrar em investigar as denúncias e punir os culpados, sem, com isso, destruir a atividade empresarial e, consequentemente, os empregos e a economia”, destacou Nobre.
Não foi isso que aconteceu. “Empresas não cometem crimes, pessoas sim. E são essas pessoas que têm de ser investigadas e punidas”, disse.
Temas do GT e a Petrobras
O grupo tripartite já tem agenda. Na próxima semana, receberá dos sindicalistas uma lista com conjuntos de temas sobre os quais deverá se debruçar. “Vamos levar questões como a importância da Petrobras, da indústria e debater como tratar a investigação de denúncias de corrupção em empresas privadas e públicas”, antecipou o presidente da Central.
além da CUT, também participaram do encontro o presidente da Força Sindical, Miguel Torres; o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar; o metalúrgico do ABC Aroaldo Oliveira, presidente da IndustriALL-Brasil; o secretário Jurídico da CUT, Valeir Eartle e os deputados petistas Reginaldo Lopes (MG), Vicentinho (SP), Bohn Gass (RS), além de Marcelo Ramos (PL-AM) participaram da reunião com Arthur Lira. São parlamentares que já atuam e têm conhecimento sobre as questões abordadas pelo GT.
Deyvid Bacelar, da FUP, mostrou um trecho do estudo em que mostra como a Lava Jato, ao destruir a imagem da Petrobras durante as investigações, pavimentou o caminho para o fatiamento, com vistas à privatização da empresa, que é uma das principais indutoras da economia brasileira.
“Esse processo de desmonte da Petrobras tem que ser interrompido”, disse Sérgio Nobre.
Aroaldo Oliveira, da IndustriALL-Brasil, destacou a necessidade urgente de estancar o processo de desindustrialização, agravado pela Lava Jato, e a urgência de criar instrumentos de proteção da produção e conteúdo nacional.
Auxílio emergencial e vacina
Sérgio Nobre e Miguel Torres, presidente da Força, entregaram a Arthur Lira a pauta unificada das centrais sindicais em defesa do auxílio emergencial, no valor de R$ 600 (pelo tempo que durar a pandemia do novo coronavírus), e por medidas de proteção do emprego, além de cobrarem um plano nacional de vacinação.
A seguir, itens que constam do documento
- Constituição de um Grupo de Trabalho do Congresso Nacional, composto por parlamentares, por representantes dos trabalhadores e da sociedade civil para discutir uma nova legislação para acordos de leniência.
- Que essa legislação assegure as melhores práticas nesses quesitos, prevendo mecanismos para punir os culpados e preservar a estrutura produtiva e de serviços. Deve-se garantir um sistema jurídico claro que diferencie responsabilidade pessoal e da empresa e permita responsabilizar a pessoa física pelos ilícitos quando comprovados, sem prejuízo à atividade empresarial.
- Em relação aos órgãos de controle e defesa como o TCU (Tribunal de Contas da União), AGU (Advocacia Geral da União), CGU (Controladoria Geral da União), PGU (Procuradoria Geral da União) e MP (Ministério Público) é preciso definir o papel de cada um nos processos de leniência e também de como será a coordenação entre eles.
- Garantia de que, nos processos de acordo de leniência, sejam previstos mecanismos de transparência social.
- Definição de medidas para recompor as cadeias produtivas fragilizadas ou destruídas. As Centrais Sindicais reiteram a disposição em participar de um diálogo construtivo para o país, liderado pelo Congresso Nacional, que equilibre interesses econômicos, sociais, trabalhistas e ambientais, com vistas à retomada do desenvolvimento sustentável. Sabe-se que hoje a prioridade nacional é o controle e superação da grave crise sanitária, que vem se agravando dia a dia, porém, vencida essa batalha, é urgente que se recupere a trajetória de crescimento consistente e inclusiva, com geração de empregos, renda e bem-estar social. Para isso, é preciso que se inicie imediatamente o debate sobre as medidas e o caminho necessários para a reconstrução e implementação desse projeto, com a participação ativa da sociedade.