Partindo do princípio de que é melhor prevenir do que remediar, os moradores do povoado Aurizona conseguiram levar a multinacional canadense Equinox Gold a sentar à mesa de negociação e obtiveram a adoção de medidas que pretendem evitar a repetição de tragédias como a de Mariana e Brumadinho (MG), onde o rompimento de barragens levou à perda de vidas humanas, além de provocar danos ambientais de difícil reparação.
A multinacional explora uma mina de ouro nas proximidades do povoado, no município de Godofredo Viana, no noroeste do Maranhão, e acumula os rejeitos de sua produção em barragem localizada também próxima à povoação. Na quinta-feira, 25, após intensas chuvas na região, a estrada entre Aurizona e Godofredo Viana foi cortada devido ao aguaceiro decorrente e os moradores temeram o pior: o rompimento da barragem, como aconteceu em 4 de novembro de 2018, afetando áreas de manguezais, contaminando rios, riachos e lagos, e interrompendo o tráfego da estrada com um rio de lama.
A Mineração Aurizona ainda na manhã de quinta divulgou uma nota de esclarecimento, negando ter havido o rompimento, mas o caso repercutiu intensamente, o que levou o governo do Estado a enviar a Godofredo Viana o secretário de Meio Ambiente, Diego Rolim.
Com a presença do secretário, do diretor geral da Mineração, Andrew Storrie, e de autoridades locais, promoveu-se uma reunião com lideranças do povoado, na qual os líderes comunitários responsabilizaram a mineradora pela interrupção da estrada que liga Aurizona à sede municipal e pela contaminação da água que é utilizada pelos moradores da região para seu consumo e suas atividades.
Como resultado da reunião, foram decididas as seguintes providências de responsabilidade da empresa: escoamento da lama e/ou resíduos vazados no rio; realização da análise da água do rio, verificando sua potabilidade; abastecimento d’água aos moradores através de carro-pipa, enquanto a análise for realizada; restauração da estrada vicinal e das áreas do entorno que foram danificadas; e, medidas preventivas para evitar novos alagamentos e contaminações.