Tudo indica que sim.
Afinal o governo Bolsonaro comprou, recentemente, o apoio incondicional do Centrão, com a oferta de cargos no governo e a possibilidade de grande volume de emendas parlamentares, pratos preferidos do Centrão, para garantir apoio a qualquer governo. Lembrar que esses parlamentares constituem uma maioria na Câmara e no Senado, suficiente para barrar qualquer tentativa de impeachment do presidente.
Como se sabe, o ministro Barroso, do STF, determinou que o Congresso Nacional instale e dê andamento ao pedido de CPI da Covid-19, encaminhado pelo Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A primeira reação do presidente Bolsonaro foi xingar o ministro do STF e dizer que iria ter que sair na porrada com o senador. A seguir, o presidente começou a articular no Congresso para tumultuar a montagem da CPI, incluindo a tentativa de estendê-la à investigação de governadores e prefeitos.
O desespero é tão grande que não houve a mínima preocupação em fazer esses movimentos de maneira discreta. Ao contrário, foi tudo feito com muito barulho, incluindo uma gravação combinada com o senador Kajuru, numa tentativa patética de criar constrangimento ao STF e ao Congresso Nacional.
No primeiro round da luta, realizado ontem (13/4), ponto para Bolsonaro que conseguiu incluir no objeto da CPI a investigação de recursos financeiros destinados a prefeituras e governos dos estados. Não é difícil imaginar a confusão que ocorrerá ao se investigar mais de 5 mil prefeituras!
Parece óbvio que a CPI levará anos para ser concluída e dificilmente atingirá o atual governo, que foi um fiel aliado do coronavírus e seus efeitos. Lembrar que a política de Bolsonaro foi e ainda é a de promover o maior volume de contágios possível, rapidamente, com a ideia estúpida de garantir imunidade de rebanho suficiente para tocar os trabalhadores e trabalhadoras de volta ao consumo e à produção, para recuperar a economia.
Ocorre que o mundo todo condenou essa política – iniciada por Boris Johnson, na Inglaterra, mas em seguida revertida – e passou a adotar a política de distanciamento social e a palavra de ordem “Vacina para todos, já!”
Se a CPI contribuir para aumentar a indignação e pressão popular para acelerar o processo de vacinação já será uma grande vitória. Essa deve ser a nossa prioridade, porque ao contrário de Bolsonaro, queremos salvar vidas e manter o povo saudável.