Estratégia para burlar a decisão judicial, assim a presidente do CPERS-Sindicato, Helenir Aguiar Schürer definiu as mudanças que o governador Eduardo Leite anunciou no Modelo de Distanciamento Controlado nesta terça-feira, 27 de abril. No termo conhecido como canetaço, o chefe do Executivo estadual colocou todo o Estado em bandeira vermelha, para garantir o retorno às aulas presenciais. E suspendeu a cogestão com os prefeitos pelo menos até o dia 10 de maio, quando novas regras serão publicadas.
O ato se deu um dia depois do Tribunal de Justiça recomendar que as aulas permanecessem suspensas. A decisão pegou de surpresa os próprios prefeitos. “Afetou até mesmo a credibilidade que a população ainda tinha no Modelo de Distanciamento Controlado”, segundo o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), Maneco Hassen. “Decisões sendo tomadas muito apressadas, decisões eminentemente políticas. O governador precisa dialogar,para construir um modelo que tenha respaldo da ciência, da saúde. Precisa ter humildade”, reforçou.
“É extremamente preocupante essa flexibilização, não é o momento para isso nós temos ainda o índice de ocupação de UTIs e de enfermaria extremamente alto”, alertou a médica da Sociedade Riograndense de Infectologia, Andréa Dalbó. O alerta também é feito pela diretora-presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Nadine Claussel, “a gente tem em Porto Alegre ali na curva em torno de 550 pacientes em Unidade de Terapia Intensiva, quando a gente sabe que a capacidade normal é em torno de 350, 380 leitos. A gente precisa baixar esse número de pacientes para se ter um pouco mais de segurança”.
O governador alterou a cor da bandeira, mas o Rio Grande do Sul segue com números altos de contaminações por Covid-19, são 962.667 casos e 24.605 mortes. E a taxa de ocupação de UTIS em geral está em mais de 85%. Mas em alguns municípios do Estado passa dos 100% como em Cachoeira do Sul e Uruguaiana. O Estado permaneceu durante dois meses em bandeira preta.
Os protocolos construídos no ano passado para o retorno das aulas apresentam defasagem, na avaliação da reitora da Universidade Federal de Ciências Médicas da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Pellanda, em entrevista nesta quarta-feira, 28 de abril, ao jornal Correio do Povo. Médica e professora, integra o Comitê Científico, instituído em 2020 para assessorar o Executivo estadual. “Durante todo esse período aprendemos com a pandemia. E hoje estão consolidadas a importância e o alto grau de transmissão por via respiratória. É um vírus respiratório. No ano passado havia toda uma atenção voltada para quantificar a transmissão por superfícies. Os protocolos foram construídos priorizando aquele entendimento. Hoje, já sabemos que a transmissão respiratória é a mais importante”.
Na bandeira vermelha, as aulas poderão retornar no modelo híbrido para Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Técnico e Superior. Com opções para aulas à distância ou presenciais. Observando-se o uso de máscaras e o distanciamento de 1,5 m.