O centenário do educador brasileiro num País que tem milhões de analfabetos
O programa Tecendo o Amanhã comemora o centenário (19/9/2021) do nascimento do educador e Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, com uma entrevista sobre o livro “Paulo Freire: a prática de liberdade para além da alfabetização”, de Venício Artur de Lima, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB).
“Não é a primeira obra dele sobre o assunto. Já tem uma nutrida obra , pensamentos, artigos, e outros livros passados também, sobre as ideias de Paulo Freire. E essa abordagem de Paulo Freire, a prática da liberdade, para além da alfabetização, é um olhar que se diferencia do conjunto que vem sendo abordado”, afirma Beto Almeida, jornalista.
O programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio de Janeiro, é transmitido ao vivo. Trata-se de uma parceria entre os canais comunitários do Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e a rádio Manawa, a voz da resistência. A rádio Manawa pode ser sintonizada pela Internet em manawa.com.br. O Tecendo o Amanhã é apresentado pelos jornalistas Moysés Corrêa, da TVC Rio; Beto Almeida, diretor da Telesur e editor do programa Latitud Brasil, TVCom Brasília e Jornal Brasil Popular; César Fonseca, editor do site Independência Sul Americana; e Francisco Soriano, diretor da TV Com do Rio.
O nome do programa é uma homenagem ao grande poeta brasileiro pernambucano João Cabral de Melo Neto, que escreveu um poema cujo título é parecido com o nome do programa: “Tecendo a Manhã”. “Nesse poema ele diz que um galo sozinho não faz o canto ser escutado. É mais ou menos por aí a imagem de que, para nós, nos serve como uma alma para defender a favor da cultura, da vida, do Brasil, da soberania e de uma relação inteligente e harmoniosa com a natureza”, afirma o jornalista Beto Almeida sobre a homenagem. Confira o poema:
Tecendo a Manhã
1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Publicado no livro A educação pela pedra (1966).
In: MELO NETO, João Cabral de. Obra completa: volume único. Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p.345. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira
Reproduzido do site Escritas.Org: https://www.escritas.org/pt/t/11508/tecendo-a-manha