Apesar da forte influência religiosa e de um regime considerado fechado, o Irã é cosmopolita e um pouco dessa faceta vai ser exibida no Museu de Arte de Brasília (MAB) que trouxe pra cidade a exposição de fotos “Arte Urbana no Irã”. São 28 registros que a fotógrafa paulistana Maristela Acquaviva produziu a partir de espaços públicos da capital Teerã, em 2018
O Irã guarda seus segredos desde os primórdios. Por aquelas terras que ligam a Europa ao Extremo Oriente passaram lideranças que mudaram o rumo da história. Em seu auge, o Império Persa abrangia a maior parte da Mesopotâmia, da Ásia Menor, as margens do mar Negro, parte da Ásia Central (que viria a ser o Afeganistão), trechos das montanhas do Cáucaso, Egito, Trácia e Macedônia. Por quase dois séculos, a Pérsia havia dominado o “berço da civilização”.
Persépolis, Parságada – que nada mais era do que o local onde eram enterrados os nobres – povoam o imaginário místico dos ocidentais. Nomes como Dario, Alexandre, o Grande, Ciro são presenças obrigatórias para quem deseja buscar entender o mundo em que vivemos hoje. Na era contemporânea, o regime monárquico do Xá Mohammad Rezā Shāh Pahlavi, que se julgava um Napoleão do Oriente, até a sua queda por ação da Revolução Islâmica; ajudaram a tornar essa nação, de esplendidos recantos, ainda mais misteriosa.
No Brasil, pouco se sabe sobre o cotidiano do Irã, país, que a exemplo de Cuba, enfrenta um forte bloqueio norte-americano, o que dificulta ainda mais a vida desses povos.
O Irã é vibrante, com suas cidades como Spharan, Yazd, no meio do deserto; Shihaz, a porta para se conhecer Persépolis e a era de Dario, Teerã, aos pés da Cordilheira Elbruz. São locais para que se formule uma nova série dos contos das Mil e uma Noites.
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Apesar da forte influência religiosa e de um regime considerado fechado, o Irã é cosmopolita, na música, o hip hop é forte, e um pouco dessa faceta vai ser exibida no Museu de Arte de Brasília (MAB) que trouxe pra cidade a exposição de fotos “Arte Urbana no Irã”. São 28 registros que a fotógrafa paulistana Maristela Acquaviva produziu em espaços públicos da capital Teerã, em 2018, numa estada de dez dias a convite da Embaixada do Brasil naquele país, em cooperação com o governo local.
“As fotos investigam a prática centenária de arte pública no Irã, desde os mosaicos de azulejos do século 18, passando pelos monumentos e painéis erigidos pela monarquia e pela república islâmica no século 20, chegando a manifestações contemporâneas de ‘street art’, com seus grafites e intervenções nos muros da cidade. Revelam uma face do Irã completamente desconhecida do Ocidente”, explica o gerente do espaço da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Marcelo Gonczarowska, que divide a curadoria da exposição com o colega do MAB Fred Hudson.
A exposição, que também registra belas esculturas, usa parte do material fotográfico de um livro, “Street Art”, numa edição particular que não será comercializada. Um fotógrafo iraniano, Maziar Kabiri, registrou, em contraponto, imagens da arte de rua na cidade de São Paulo, onde o grafite também se destaca em meio a outras formas de arte em espaços públicos. “Duas grandes cidades, distantes geograficamente, porém unidas pela popularização da cultura que contribui para torná-las mais atraentes”, diz o texto de apresentação.
A exposição foi montada no primeiro pavimento e pode ser visitada diariamente, exceto às terças, até as 21h.
Serviço:
- Exposição ARTE URBANA NO IRÃ
- Local: Galeria do primeiro pavimento do Museu de Arte de Brasília (MAB)
- Endereço: SHTN, trecho 01, projeto Orla polo 03, Lote 05, CEP: 70800-200 Brasília – DF
- Não é necessário agendar a visita
- Funcionamento: todos os dias, menos terças-feiras, de 9h a 21h
- Entrada gratuita
(*) Por Chico Sant’Anna. Fotos de Maristela Acquaviva