Belo Horizonte, cidade planejada segundo os princípios higienistas do século XIX, teve, no decorrer de sua história, vários dos seus cursos d’água canalizados e tampados. Especialmente a partir dos meados da década de 1990, após a canalização irresponsável do Ribeirão Arrudas e vários de seus afluentes, a cidade tenta conviver com as tragédias das enchentes no período de chuvas.
As diversas administrações municipais, sucessivamente, confinaram mais de 200 km de córregos em avenidas e galerias nas principais avenidas. O resultado tem se revelado catastrófico e as tragédias anunciadas já tem provocado grandes estragos. Em nome de um suposto embelezamento da cidade, construíram verdadeiras bombas relógios que se auto detonam no período das chuvas. Belo Horizonte tem 700 km de córregos e rios e 200 km deles estão canalizados e cobertos com avenidas e ruas. O resultado disso são as enchentes que aterrorizam as comunidades.
Já estão contabilizadas cerca de 62 áreas de alagamentos e centenas de milhares de casas em áreas de riscos de deslizamento e enchentes. Nossa região Oeste já se tornou manchete constante da Imprensa nacional com a histórica situação da Av. Tereza Cristina e Córregos Cercadinho, Ponte Queimada, Avenida Francisco Sá, Avenida Silva Lobo, Trecho da Rua Úrsula Paulino, na curva do Hospital André Luiz, e tantos outros que circundam a região. As áreas de risco geológico já são conhecidas da Prefeitura faz tempo, como as do Morro das Pedras e Grota da Ventosa, no entorno do Córrego Cercadinho, com suas áreas ribeirinhas e centenas de moradias em risco.
A população dessa região não suporta mais ver todos os anos as tragédias que arrastam casas, bens móveis, vidas e lares. O ciclo se repete e não dá mais pra aceitar o descaso com os bairros populares e pobres. Famílias inteiras adoecem emocionalmente diante da insuportável tensão de esperar pelo pior.
Ao começarem as chuvas torrenciais previstas de início de primavera, as comunidades em risco ficam muito temerosas e até revoltadas com o constante descaso das autoridades municipais. Aguardam a tragédia ocorrer para depois tomarem providências, após o prejuízo material e de vidas perdidas ou prejudicadas. São situações perfeitamente previsíveis, mas a PBH só age após alguma ocorrência grave. Não adianta, depois de perdas de vidas, prejuízos materiais, virem técnicos fazer o meio de campo sem propostas concretas de solução. Não há um plano de contingenciamento para essas situações graves e previsíveis. Não há desculpa possível para explicar negligências.
Áreas verdes suprimidas
As áreas verdes que foram suprimidas na nossa cidade, com autorização oficial do COMAM e da PBH, especialmente na região Oeste, contribuem sobremaneira para as enchentes locais. A especulação imobiliária tem causado danos irreversíveis na nossa regional. A verticalização avança a passos largos, destruindo áreas de drenagem natural das chuvas, colocando concreto onde havia terrenos que absorviam as águas de chuva. Exemplos disso são as matas do Havaí, Palmeiras, mata da Pink no Betânia, outras no Buritis, Jardim América que, juntas, perderam dezenas de milhares de árvores e áreas importantes de absorvição de chuvas, ocasionando as enchentes históricas, somadas ao confinamento do Arrudas que serpenteia a Avenida Tereza Cristina.
O povo está cansado da ausência de soluções. Piscinões não são a solução adequada. De acordo com especialista do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, “os piscinões são uma medida paliativa, lá não chega só água, mas também sedimentos, lixo, a própria população deposita detritos ali. Assim, o reservatório fica atolado. Fora que demandam tecnologias caras movidas por energia elétrica. Chove, cai uma árvore e arrebenta um fio. Pronto, não tem eletricidade, e o mecanismo não funciona direito”, explica Filipe Antonio Marques Facetta, pesquisador da Seção de Investigações, Riscos e Desastres naturais do IPT. E os custos para desassorear um piscinão ainda são muito altos, argumenta o hidrólogo.” (Jornal da USP).
A Prefeitura fala em grandes obras como solução. Porém, é sabido que elas não resolverão, apenas encherão os cofres das empreiteiras que ganharem as licitações. É preciso um plano ousado que reveja a ocupação urbana, cuidados com encostas, áreas ribeirinhas e construção de parques lineares para drenagem de chuvas. O ideal é que a população ganhe consciência e lute contra essa onda de soluções caras e inconsequentes. Não se pode canalizar rios e confiná-los em galerias, muito menos dispensar lixos e esgotos nas encostas e áreas ribeirinhas, além da necessidade de se incentivar dentro de quintais e calçadas públicas as áreas verdes de drenagem e recolhimento de água de chuva com calhas e depósitos para uso doméstico. Isso não resolve, mas ajudaria muito. O povo precisa defender com vigor cada centímetro de área verde nos seus bairros. A cidade impermeabilizada é sinônimo de enchentes.
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