Quando Lula disse que vai revogar a reforma trabalhista e recuperar direitos, a exemplo do que está fazendo a Espanha o poder econômico e sua mídia caíram em cima dele, dizendo que ele quer reeditar um anacronismo superado pela globalização da economia.
Até mesmo Almir Pazzianotto, o antigo advogado do Sindicato dos Metalúrgico de São Bernardo quando Lula dirigia as greves, cuspiu no seu passado ao fazer um artigo defendo a extinção dos direitos trabalhistas e defender Moro como “alternativa” à polarização Lula-Bolsonaro.
Tal como fracassou na Espanha, também no Brasil a reforma trabalhista fracassou, pois a propaganda oficial diziar que ela iria gerar mais empregos. Mas diante de mais de 14,8 milhões de desempregados é impossível para a grande mídia encobrir o fracasso dessa reforma, que foi iniciada pelo golpista Temer e continuada pelo fascista Bolsonaro.
A realidade mostra de forma perversa que o verdadeiro motivo dessa reforma trabalhista não é a geração de emprego, mas a redução do custo da mão-de-obra, com a adoção da precarização das relações de trabalho possibilitada pela extinção de direitos trabalhista junto com a desmontagem do meio de defesa dos trabalhadores, a sua organização sindical.
Ao afirmar que vai revogar essa reforma ultraliberal das relações de trabalho e recuperar os direitos trabalhistas, Lula abre para a classe trabalhadora a perspectiva de trabalho digno e da sua reorganização sindical pela base.
Com o fracasso evidente da chamada “terceira via”, a grande burguesia neoliberal tomou o caminho de pressionar Lula a não revogar essa reforma, mostrando-o como um espantalho do retrocesso econômico. Rodrigo Maia, que declarou apoio a Lula, é um dos maiores críticos dessa revogação.
No entanto, já que a vitória de Lula parece inevitável, as forças burguesas pressionam para ele assumir um programa econômico neoliberal e mais do que isso, anunciar um nome neoliberal para o ministério da economia.
Ou seja, como a burguesia neoliberal que se opõe a Bolsonaro perdeu a condição política para eleger o seu próprio governo, pragmaticamente ela pressiona o provável futuro governo popular na tentativa de submetê-lo aos seus interesses de classe.
Mas o que de fato almeja a reunificação democrática e popular do Brasil, que está assumindo o perfil de uma ampla chapa de centro-esquerda, é uma democracia com geração de emprego; e de empregos dignos, e não a escravidão assalariada que o neofascismo ultraliberal está implantando no país.
Ao se comprometer com a recuperação dos direitos trabalhistas, Lula coloca os interesses vitais da classe trabalhadora no centro da luta contra a barbárie bolsonarista e pela reconstrução democrática do Brasil.
(*) Artigo de Val Carvalho, escritor e militante de esquerda.
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