Com elenco indígena, trajetória do povo Kambeba será contada em longa-metragem amazonense
A trajetória secular de uma família indígena Omágua (Povo das Águas), etnia que habita a região amazônica, será tema de um longa-metragem de ficção a ser produzida no Estado do Amazonas. Os Omágua também são popularmente conhecidos por Kambeba (em Nheengatu, “cabeça chata”), apelido oriundo da particularidade de terem crânios achatados. Escrito e dirigido por Adanilo e encabeçado pelas produtoras Teatro Galeroso e Ão Produções, o filme é dividido em três partes, cada uma retratando um momento distinto das personagens.
“Já faz um tempo que minha pesquisa artística pessoal gira em torno dos universos indígenas, sobretudo amazônicos. Em 2020, descobri a existência do Inha, o primeiro indígena brasileiro a disputar um mundial de tiro com arco e inscrevemos um projeto falando da trajetória dele”, disse Adanilo. Com a oportunidade do Prêmio Feliciano Lana pela lei Aldir Blanc, o projeto se transformou em um plano de longa-metragem contando a vida de Inha, mas também o percurso que seus bisavós fizeram e o cotidiano dos Omágua Kambeba antes da invasão europeia às terras amazônicas.
A primeira parte do filme acontece em 1542, momentos antes da invasão espanhola às terras amazônicas, durante as celebrações de uma festa que dura três dias na Aldeia Omágua Arim Ocoa, localizada em uma ilha do Rio Solimões, no estado do Amazonas, região norte do Brasil.
A segunda parte apresenta as migrações no século XIX e XX da família de Valdomiro e Ascenciona, indígenas Omáguas/Kambebas. Acompanhamos as viagens da família pelo Rio Amazonas, as relações deles com os lugares onde vivem, a luta para conseguir uma terra onde antes era tudo território Omágua e para exercer seus tradicionais modos de vida.
Na terceira e última parte do filme, já nos dias de hoje, chegamos à história de Inha Kambeba, bisneto de Valdomiro e Diamantina. Ele mora na Aldeia Kambeba Três Unidos, às margens do Rio Cuieiras, afluente do Rio Negro. Desde muito cedo, sempre usou arco e flecha para brincar e caçar, ainda na adolescência foi revelado como potencial representante do Brasil para disputar Olimpíadas.
Elenco indígena
Adanilo conta também que planeja acionar um elenco indígena para todos os papéis indígenas do longa. “Grande parte da equipe também será. Já estou articulando com roteiristas indígenas para somarem comigo no roteiro”, disse. O projeto tem consultoria étnico-histórica de Triukuxuri Valdemir Kambeba, Diamantina Kambeba e Inha Kambeba; consultoria de roteiro de Iana Paro e produção de Sofia Sahakian.
Durante o ano de 2022, a ideia é que o roteiro seja integralmente finalizado para prestação de contas ainda que a pesquisa possa continuar no decorrer do processo. Na sequência, a equipe começará a captar os recursos para a pré-produção, ver locações, selecionar elenco e preparar as filmagens. “Se tudo correr bem, em 2023 já podemos estar filmando ‘Omágua Kambeba’”.
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