A fúria com que Bolsonaro criou nova situação-limite de confronto com o Supremo e com o Ministro Alexandre de Morais, deixando de comparecer a interrogatório marcado por este, coincidiu, para Sérgio Moro, com a insuspeita pesquisa do Ipespe, instituto controlado por grupos do mercado financeiro indisfarçadamente simpáticos a sua candidatura, pesquisa que chegou ao ponto de excluir o nome dele de uma de suas listas de perguntas aos mil entrevistados que ouviu em todo o país.
Esse desaparecimento pode em parte ser a admissão de que Moro, com 8%, encalhou abaixo dos dez por cento de preferência, depois de ter chegado a 11% em seguida ao lançamento de sua candidatura.
Esses 8% deixaram Moro empatado com Ciro Gomes na disputa pela liderança de uma terceira via cada vez mais improvável, no momento em que uma possível aliança com o prefeito do Rio Eduardo Paes pode situar Ciro à frente de Moro nas pesquisas, jogando Moro para um humilhante quarto lugar no ranking geral das candidaturas e cada vez mais longe do segundo turno da eleição presidencial.
Moro com certeza esperava, ao assumir a candidatura, que sua passagem pelo terceiro lugar fosse curta e que logo chegaria aos calcanhares de Bolsonaro na disputa pelo segundo lugar.
Antecipando-se a isso, Moro partiu para o ataque, dizendo que Lula ainda deveria estar na cadeia, cumprindo a condenação imposta por ele no processo do tríplex do Guarujá. Mal Moro disse isso e teve de encarar duas notícias péssimas, a pesquisa do Ipespe e a decisão da justiça de Brasília, proposta pelo próprio Ministério Público, de arquivar em definitivo esse processo.
O que, em sua mediocridade, Moro ainda não entendeu e nunca vai entender é que foi ele próprio um dos maiores cabos eleitorais de Lula desde há seis anos, quando começou oficialmente a persegui-lo com a condução coercitiva de 2016, seguida pelos processos do Guarujá e de Atibaia, semeados de abusos e violências jurídicas, e afinal das condenações que mantiveram Lula ilegalmente preso por 581 dias.
Se não se tivesse permitido essa conduta criminosa e ambiciosa, já em busca da Presidência, Moro não conseguiria levar Lula para a prisão, mas talvez conseguisse manter o mito de anjo vingador da corrupção que a grande mídia lhe concedeu. Esse mito certamente lhe daria mais que os 10%, até os 15% que poderiam liquidar a tentativa de reeleição de Bolsonaro. Moro, porém, deixou a prisão de Lula subir-lhe à cabeça e aceitou ser ministro de Bolsonaro, selando com isso o destino que agora amarga, agravado pelos dólares de seu emprego na consultoria americana encarregada de cuidar dos cacos da Odebrecht.
Enquanto isso, Bolsonaro parecia permitir que de novo lhe subisse à cabeça a hostilidade ao Supremo. O Ministro Alexandre de Morais só o intimara a comparecer à Polícia Federal porque Bolsonaro não tinha exercido a prerrogativa de marcar ele próprio o local e a hora de seu depoimento. Não comparecendo, Bolsonaro cometia um ato de desobediência que ressuscitava o confronto anterior, de setembro do ano passado, do qual se livrou com a carta de desculpas escrita pelo ex-Presidente Temer.
Foi de propósito, foi jogada ensaiada, advertiu o professor Walter Maierovitch com sua experiência de jurista. O que Bolsonaro queria era um novo confronto com Morais, que assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral no segundo semestre e presidirá a eleição presidencial de outubro.
Com o confronto armado nesta sexta-feira, Bolsonaro poderá alegar que é perseguido por Morais e que Morais é parcial e suspeito em relação a sua candidatura, não devendo, portanto, permanecer na presidência do TSE. Se isso, acontecesse, lembrou Maierovitch, a eleição seria presidida pelo futuro Vice-Presidente o TSE, o Ministro Nunes Marques, nomeado por Bolsonaro e subserviente a ele até nos absurdos mais ridículos. A “fúria” de Bolsonaro, portanto, seria entre aspas. Na verdade, uma impostura.
(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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