Pré-candidata do PT diz que ataque do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), projetou seu nome na corrida sucessória ao Buriti. Como diretora do Sinpro, aponta problemas vividos pela categoria
Ao comentar sobre a Assembleia de terça-feira (22/2), o governador tentou politizar o movimento, ao dizer que você queria palanque para sua pré-candidatura ao GDF.
Eu lamento. Como sindicalista, me senti desrespeitada. Isso mostra a ignorância do governador com relação à história do Sinpro e da categoria. Mas a categoria percebeu qual era a intenção.
Isso te prejudicou de alguma forma?
Por incrível que pareça, eu acho, inclusive, que ele acabou me prestando um bom serviço. Primeiro, ele divulgou a pré-candidatura e chamou a atenção da categoria para qual é a posição dele, qual será o tratamento que ele dará a isso e, principalmente, chamou a atenção da sociedade para o debate da educação. Ainda que algumas pessoas tenham prestado atenção a isso, criticando o sindicato por chamar uma assembleia com uma semana de aula depois de tanto tempo com os alunos em casa, nos deu a oportunidade de contar para a sociedade de que escola estamos falando, como nesta entrevista.
O tiro saiu pela culatra?
Ele tentou tirar o foco do problema, porque o nosso papel é mostrar para a sociedade o que está faltando dentro das nossas escolas. E ele acabou nos ajudando com essa tentativa de criminalizar a política.
Então, porque eu sou sindicalista não posso me colocar na política partidária? Ele misturou as coisas, dizendo que a assembleia foi oportunismo. Basta puxar pelo histórico do sindicato para ver que é que tradição fazermos assembleia no início de ano letivo. Portanto, eu acho que o governador antecipou uma disputa que talvez nós faremos.
Será que a intenção dele é criar no DF a mesma polarização que existe nacionalmente?
Não sei. Pode ser. E ficou muito ruim para ele. Primeiro que ele antecipou o debate de greve. A única pessoa que falou em greve foi o governador. Nenhum sindicalista ou professor que fez intervenção, nenhum material nosso fala em greve.
Então, qual era a pauta?
O que nós queremos é diálogo, que o governo se sente conosco. Juntos, vamos buscar alternativas. É preciso olhar para a gestão do GDF como um todo, os movimentos que são feitos e as prioridades que o governo está adotando.
O Sinpro foi criticado por convocar uma assembleia uma semana depois da volta às aulas presenciais. Era necessário promover esse evento no momento?
É importante destacar que fazer assembleia é uma tradição, uma necessidade e obrigação de qualquer entidade classista. É assim que se mobiliza trabalhadores e trabalhadoras. É importante reunir e, de forma democrática, tomar as decisões. Quando você faz assembleia é porque tem a necessidade de um debate com a categoria.
Qual a necessidade que está tendo hoje?
Nós passamos dois anos sem assembleias presenciais. Isso, por si só, já justificaria uma assembleia. Com a volta 100% das aulas presenciais, nós também precisávamos retomar nossa rotina, que são as nossas assembleias.
E como foi essa retomada de rotina?
Enquanto estávamos no ensino remoto, muita coisa passava despercebida com as escolas fechadas. Com o retorno presencial, foi ficando muito evidente o caos nas escolas.
Qual a realidade encontrada?
Tivemos um processo seletivo de contratos temporários muito complicado, sem transparência. Desorganização total. Muita gente com larga tradição em contratos temporários foi eliminada e ficou fora. A contratação temporária precisa ocorrer. Inclusive, nós deixamos de ter alguns direitos garantidos por não termos contratos temporários suficientes. A Secretaria de Educação adotou a política de não fazer concurso e não nomear os efetivos, professores definitivos para a rede. Fechamos o ano de 2021 com 60% dos professores em sala de aula temporários.
Isto é normal?
Nunca imaginei que eu fosse viver uma situação dessa na capital do País. Há regionais que já não têm mais professores para serem contratados. Então, tudo indica que voltaremos a viver uma realidade de estudantes sem aula. Temos também a educação inclusiva, a educação integral, onde é preciso ter monitores nas escolas como auxiliares dos professores para atender os alunos que precisam de atendimento especial, os ANEE (alunos com necessidades educacionais especiais). Tem monitores concursados e a Secretaria coloca para ocupar esse espaço os educadores sociais voluntários, pessoa desempregadas que ganham R$ 30 por dia. E mesmo esses voluntários a Secretaria cortou pela metade.
Pela sua descrição, está um caos…
E não falamos dos 7 anos de salários congelados.
Você acha que o governo priorizou uma categoria, que são os policiais civis?
Sem dúvida, não há nenhuma justificativa para isso. Eu acho que é preciso ter um equilíbrio, e quando o governo tem esse descuido com seus servidores, na verdade está se descuidando com a população, porque nós prestamos serviço. Fica parecendo que ele está preterindo, que alguém é mais importante para a gestão pública. No caso, a polícia. E aí, nenhum problema com os trabalhadores da polícia, mas tem que ter isonomia.
Mas vem eleição em outubro. Aí o discurso dos políticos será de que educação é prioridade…
Exatamente!
Com uma candidata professora e sindicalista será que ficará no discurso e na promessa de campanha?
Não. Com certeza. E eu acho que não é só uma questão de salário, mas também de ter educação. Todos os países que evoluíram fizeram forte investimento na educação. Isso é inteligente.
Foi oportuna essa assembleia na segunda semana de aulas presenciais após dois anos de aulas remotas?
Posso garantir a todos os pais, responsáveis, mães e estudantes que o que está acontecendo dentro das escolas diariamente é um prejuízo infinitamente maior do que um dia sem aula para uma assembleia. E é importante registrar que nós sempre fizemos a reposição do dia de trabalho em que não houve aula para realizar assembleia. Tudo que estou te trazendo tanto tem prejuízos trabalhistas, nos direitos dos servidores e tem os prejuízos que vão diretamente para o aluno, na qualidade do ensino que ele está recebendo.
Na assembleia também foi falado sobre a superlotação das salas de aula…
É outra triste realidade. Não foram construídas novas escolas e tivemos 26 mil novas matrículas na rede oficial, segundo informação da própria Secretaria. Só o Guará está com cerca de 450 alunos sem escola. O quê que a Secretaria fez para solucionar, sem discutir com o sindicato?
E o que o sindicato pode fazer?
Nós temos regras para funcionamento das escolas. Historicamente, isso é discutido conosco. Não significa que a gente concorde com tudo ao final, mas tem a oportunidade de debate. Mas a Secretaria, unilateralmente, publicou a estratégia de matrícula, documento que determina se tem estudantes com deficiência, que tipo de deficiência, as turmas regulares, a educação infantil, as séries finais, iniciais, ensino médio etc. Pois bem, a Secretaria alterou tudo isso, aumentando muito o número de estudantes em cada sala em plena pandemia. Como fica o distanciamento? O que a Secretaria fez foi juntar todo mundo. Isso significa que o professor não tem as condições de trabalho e os alunos estão sendo prejudicados porque os professores vão adoecer também rapidamente.
Reprodução do site Brasília Capital
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