A Cooperativa de Garimpeiros e Mineradores de Ourilândia e Região (Cooperouri) entrou na mira da Polícia Federal sob suspeita de integrar uma grande organização criminosa que atua na extração clandestina de ouro no sul do Pará. Dos investigados no inquérito, a cooperativa é a única que possui uma permissão de lavra garimpeira autorizada pela ANM (Associação Nacional de Mineração) – que pode estar sendo usada para declarar uma origem falsa ao ouro extraído ilegalmente da TI Kayapó.
Segundo inquérito obtido por equipe do Repórter Brasil, entre junho de 2019 e junho de 2020, a cooperativa movimentou R$ 57 milhões em suas contas, com depósitos para pessoas investigadas por envolvimento com o garimpo ilegal e que serviu de base para a Operação Terra Desolata.
Ainda segundo a reportagem, a investigação sugere que a Cooperouri legaliza, por meio de fraude, metal ilegal extraído da Terra Indígena Kayapó. E ainda, que muitas de suas atividades financeiras teriam sido beneficiadas com contatos no governo proporcionados pelo senador e pré-candidato ao governo do Pará, Zequinha Marinho (PSC-PA). Ele, que é pré-candidato ao governo do Pará, é réu em um processo que se arrasta na Justiça sob suspeita de “rachadinha” em seu gabinete quando ele era deputado federal, em 2011.
Um ex-funcionário da agência, que trabalhou como responsável pela concessão de permissões de lavra e que foi ouvido sob condição de anonimato, confirmou à Repórter Brasil que Zequinha Marinho pressiona os diretores do órgão para que as lavras sejam autorizadas mais rapidamente, especialmente aquelas que estejam no Pará. Em nota teria respondido que sua atuação “se dá para que a ANM possa analisar os processos de PLG [permissões de lavra garimpeira]. Não se trata, portanto, de uma ‘busca de liberação’, mas de atenção aos pleitos devidamente protocolados no órgão por diferentes segmentos e representantes da sociedade”, disse ele.
Foto da capa/legenda: Senador Zequinha Marinho (PSC-PA) Foto: Roque de Sá / Agência Senado
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